quinta-feira, 20 de outubro de 2011

- A Reunião -

-Então. Indo para o primeiro tópico: Como resolvemos a questão dos lobos? -Disse Vladimir sentando-se em uma poltrona do outro lado da mesa perto de Bartolomeu.
-Acho que a primeira coisa a fazer é ver quem vai assumir a liderança do clã. Não tem como nos organizarmos sem uma liderança. -Falou Bartolomeu olhando diretamente pra Kara.
-Já disse que vamos esperar, Barto... -Falou ela de pé próximo a janela.
-Eu concordo com ele, Kara. Sem uma liderança os lobos vão ganhar cada vez mais espaço. -Pronunciou-se Henry.
-Vamos lidar com fatos aqui, tudo bem?! Primeiro fato: Nenhum de nós sabe onde está Armand, nem se ele está vivo ou morto então só nos resta esperar pra ver. Segundo fato: Os lobos precisam ser controlados e se me lembro bem essa tarefa foi designada a Henry, certo? -Disse Vladi em seu tom superior.
-Minha tarefa, caro Vladimir, era manter os lobos quietos levando suas exigências até Armand e vice versa. Sem Armand sem controle, eu não exerço nenhuma influencia sobre esses animais. -Concluiu meu irmão recostando-se no sofá.
-Então o que temos que fazer é capturar um lobo. Não é difícil concluir que eles planejaram o desaparecimento de Armand. -Falou Kara. Então não pude mais ficar calada.
-Vocês não estão acreditando mesmo nessa historia, não é? A única coisa óbvia foi que Kara finalmente conseguiu o que ela sempre quis! Aproveitou-se enquanto ele estava fraco e tirou-o de campo, assim os lobos se revoltaram e vocês não teriam outra solução a não ser aceitá-la como líder nesse momento de crise! Isso é tão óbvio!
-OH, você me descobriu! -Falou Kara com um falso drama. Me preparei para atacá-la mas Henry e Vladimir me seguraram antes que eu chegasse até ela.
-Fale onde ele está! Conte logo o que fez! -Gritei. Ela simplesmente me deu as costas voltando-se para a janela.
-Você não sabe de nada. -Sussurrou ela.
-Suponho que vá me explicar então. -Disse parando de lutar e cruzando os braços sarcástica. Ela deu um sorriso sinico e voltou-se para mim.
-Não gosto de perda de tempo. -Disse ela desaparecendo em seguida.
-Merda! -Exclamou Vladimir jogando-se na poltrona. -Satisfeita agora?!
-Não. Vou ficar satisfeita quando achar o Armand. -Respondi seca.
-Henry, porque não explica a nossa situação pra sua irmã. Enquanto isso eu e Vladi vamos lá fora tentar controlar a situação. -Falou Barto levantando-se.
-Claro. -Respondeu meu irmão sentando-se aparentando cansaço.
-Então vamos logo, Vladimir, logo amanhecerá.
-Oui. Oui. -Respondeu Vladi levantando-se sem muita vontade. Eles passaram por mim e assim que estavam distantes meu irmão me disse pra sentar e explicou o que tinha acontecido desde que eu fora embora.

-\\Enquanto isso em Paris//-

-Se Kara não assumir o clã agora os lobos vão acabar dominando o lugar. -Falou Bartolomeu sentado em uma armação da torre eiffel.
-Jura? Tente convencê-la então. -Falou Armand acendendo um cigarro e oferecendo a Barto que negou elegantemente.
-Isso vai virar um caos... -Falou Barto.
-Meu caro amigo, isso já está um caos. Só nos resta esperar pelo fim do mundo. -concluiu Vladi.

"Destino é apenas uma palavra, é a maneira encontrada pelos sábios para dominarem os fortes."

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

-Guerra-

Já faziam alguns dias que eu havia chegado ao Novo Mexico, consegui um emprego em uma padaria proxima a estalagem onde estava hospedada e tudo estava indo bem, exceto pelos pesadelos que me consumiam a noite, neles eu via Armand, ele chorava lagrimas de sangue, eu tentava alcança-lo, mas não conseguia e ele afastava-se cada vez mais, depois o cenario mudava, eu estava em um casamento, Kara era a noiva e Armand o noivo e por último eu via um cemiterio e uma lapide entrava em foco, ARMAND LAFAYETE, assim que eu conseguia ler podia ouvir o riso de Kara.

Fui desperta de meus pensamentos ao ouvir a conversa de dois homens que esperavam por seus pedidos no balcão.
-Tive que cancelar minha viagem pra França. Aquilo está um caus. 
-Eu soube. Os lobisomens se revoltaram.
-Isso alem do fato que o lider dos vampiros desapareceu. Sempre soube que aquele moleque Lafayete era jovem demais pra assumir o clã.
-A outra opção era aquela garota... Parece que agora é ela quem controla a França. Kara, não é?
-É. Só espero que ela consiga controlar essa revolução antes que atinja nossa cidade... -Não fiquei para ouvir o fim da conversa. Tirei o avental, pulei o balcão e corri para a estalagem.

Impossivel. Armand não abandonaria o clã, nunca o deixaria nas mãos de Kara, principalmente em um momento como esse. Ela deve ter feito algo com ele e eu tenho que descobrir o que é.

22.55 Hora de Paris

A cidade parecia mais deserta e escura que o normal, a torre eiffel parecia mais alta e apavorante vista de baixo neste clima gelido e aterrorizante. Andei a passos lentos em direção a mansão Lafayette, eu não estava muitu certa do que faria ao chegar, mas não estava disposta a deixar Kara vencer. Eu estava distraida com meus pensamentos, mas mesmo assim percebi que estava sendo seguida. Parei na rua escura e esperei que ele viesse até mim, e ele veio e trouxe companhia.
Eram 8 vampiros elegantemente vestidos, mas a forma como lutavam não era tão elegante. Eram rápidos e fortes, consegui desviar da maioria dos golpes, mas derrotá-los estava sendo mais difícil do que planejei, estava pensando em uma forma rápida de derrotá-los quando Vladi literalmente caiu do céu a meu lado.

-Perdida, chery? -Perguntou ele com um sorrisso bobo nos lábios.
-Aonde está Armand? -Perguntei sem rodeios. Ele apenas sorriu deixando-me ainda mais nervosa. Deixei que a raiva me subisse a cabeça  e ataquei os vampiros. Meu primeiro alvo foi um ques estava bem a minha frente, usei minha espada pra cortar-lhe o pescoço, separando assim a cabeça do resto do corpo, girando cravei minha adaga no coração de um vampiro a minha direita. Um outro me atacou por trás, me apoiei no ombro deste pulando por cima de sua baça e cortandolhe ao meio da virilha até o topo da cabeça, girei rapido decapindo mais dois vampiros que me cercavam, pare de frente pra Vladi que esgueu uma arma da altura da minha cabeça e atirou acertando um sobrevivente atras de mim.
-Você não perdeu o jeito... -Disse ele. Apoiei minha espada em seu ombro, posicionando-a perigosamente perto de sua garganta.
-Vou perguntar pela última vez. Onde está Armand? -Disse rispida e seriamente. Ele sorriu.
-Isso, mon cher, é um completo misterio. -Respondeu ele sorrindo.
-E espera que acredite em você?
-Só porque não acredita não quer dizer que não é verdade. -Respondeu ele erguendo uma sombrancelha e afastando minha espada de seu pescoço. -Siga-me.
Eu não acreditava nele, mas que motivo teria para não segui-lo? Vladimir não tinha razão para me matar e se fosse com ele seria mais facil encontrar Armand.

Quando entramos na mansão Lafayte o clima parecia mais frio do que o comum, ele me guiou até uma sala onde eu podia ouvir sussurros do outro lado da porta, Vladimir me fez um sinal para esperar e abriu a porta de leve.
-Espero não estar interrompendo, mas trouxe uma convidada especial. Entre. -Disse ele abrindo passagem. Na sala pude ver Kara e meu irmão em um sofá e Bartolomeu de pé na frente deles.
-Jane? -Disse Bartolomeu um tanto surpreso quando entrei na sala. Meu irmão sorriu e veio comprimentar-me sorrindo, Kara não esboçou qualquer reação.
-Já que estamos todos aqui podemos prosseguir com a reunião. -Falou Vladimir sentando-se em uma cadeira proximo a Kara.
"Em tempos de guerra é sabio permanecer neutro até saber 
com certeza quem são seus reais inimigos."

quinta-feira, 7 de julho de 2011

-Historia antiga-

Sentei-me devagar e sequei o sangue da boca, ajeitei o cabelo e a roupa e esperei minha visão voltar ao normal. Os vampiros já tinham ido e Vladimir puxará uma das cadeiras
-Por que? Por que não me contou, Kara? -Perguntou Armand ainda chorando ao meu lado.
-Porque você não acreditaria... Porque não me deixou contar. -Respondi girando o pescoço tentando me manter fria.
-Já chega disso! Me conte o que aconteceu! -Gritou ele segurando-me pelos ombros.
-Vá com calma, Armand. -Falou Vladimir. Soltei meu braço e levantei, comecei a andar até as taças e me servi de um pouco de sangue. Respirei fundo e olhei pra Armand finalmente.
-Se quer realmente saber, vou te contar o que aconteceu naquela noite, mas antes recomponha-se, Não aguento olhá-lo nesse estado lastimável. -Disse torcendo o nariz pra ele. Em um segundo ele estava de pé ao meu lado e teria voltado a me atacar se Vladimir não ficasse no caminho. Armand bufou e saiu. Suspirei.
-Se estava querendo morrer ficaria feliz em ajudar, não precisava fazer todo esse teatro. -Falou Vladimir.
-Por que se meteu? -Falei pousando a taça com força desnecessária.
-Porque você teria morrido se eu não chegasse.
-Isso não é problema seu.
-Podemos começar. -Disse Armand entrando na sala emburrado e sentando-se. Respirei fundo e puxei uma
cadeira pra mim.

"Eu cheguei na mansão naquela noite pra tentar mais uma vez fazer Lafayete mudar de ideia. Eu tinha que convencê-lo que você era jovem demais. Eu não poderia cuidar de você pra sempre. Ele precisava entender isso. Eu entrei na mansão decidida. Estava marchando pro escritório dele quando ouvi um barulho no saguão então fui naquela direção. Quando abri a porta do saguão vi-o lutando com mais cinco homens e dois já estavam no chão, todos estavam bastante feridos, mas eles estavam em vantagem e acertaram Lafayete mandando-o direto para a vidraça, eu o segurei antes que ele saísse voando e o coloquei no chão.
-Quem são vocês? -Perguntei. Eles não responderam. -Não importa. Vão pagar por mexer com os Lafayete!
Eu lutei com eles, já estavam cansados, não iam perder a vida se já tinham cumprido a missão, então pegaram os companheiros e fugiram, então fui até Lafayete. Ele já estava quase morto quando me aproximei.
-Lafayete! Beba! Beba meu sangue. -Disse cortando o pulso, mas ele não aceitou, segurou me braço e negou com a cabeça.
-Kara... Meu tempo já acabou...
-Não, mon seigneur...
-Escute, querida... Cuide dele... Por favor... Cuide dele... Prometa.
-Eu prometo. -Depois de me ouvir prometer ele sorriu e morreu. Você entrou logo depois. Não tive tempo de fazer nada, você não me deixou explicar. Achei melhor deixar você tirar suas próprias conclusões e cuidar de você de longe. Queria ver se podia guiar esse clã e quando não pudesse eu te ajudaria sem exatamente me meter..."

-Já contei tudo o que sei. Felizes? -Perguntei encarando-os. Vladimir não disse nada, Armand levantou-se lentamente e veio até mim, preparei-me para lutar, mas ele me abraçou. Só lembrava dele ter feito isso duas vezes. Uma quando ele era muito pequeno e estava com medo e eu disse que iria protege-lo e ele podia confiar em mim, ele me abraçou chorando e outra quando descobriu que meus pais haviam morrido, e agora repetia o gesto, seus braços envolvendo-me e acolhendo-me.
-Sinto muito. -Sussurrou ele no meu ouvido. Fechei os olhos e me deixei envolver.
-Preciso ir, Armand... -Disse soltando-me dele.
-Como assim? Ainda a muito que podemos falar, Kara. Não precisa mais fazer isso. Pode ficar aqui. É parte dessa família. -Sorri e acariciei o rosto do meu doce Armand.
-Vai ficar tudo bem. Você finalmente cresceu... -Dito isso sorri e corri dali o mais rápido que pude evitando que me seguissem.

Corri por Paris, cacei, adiei o momento de contar a Henry o que acontecera... Depois de estar totalmente saciada fui pro castelo, já estava quase na hora do nascer do Sol então eu poderia encerrar qualquer discussão que se iniciasse com a desculpa de que precisava dormir e eu realmente precisava, estava cansada pela transferencia de sangue e a luta com Armand, também não dormia a alguns dias... Henry estava na sala quando eu cheguei, ele falava com Pietro, mas o assunto acabou misteriosamente assim que cheguei.

-Estou atrapalhando? -Perguntei.
-Não. Pietro e eu já terminamos. Certo, Pietro?
-Oui monsieur. -Respondeu ele ríspido e saiu emburrado.
-O que houve? -Perguntei sentando ao lado de Henry no sofá e acariciando seus cabelos.
-Os lobos não estam felizes. Não se preocupe... Como foi com Armand? -Perguntou encarando-me, parei de mexer em seu cabelo sem saber como responder.
-Contei pra ele quem matou Lafayete. Nós... Fizemos as pazes. -Falei ocultando a parte em que ele quase me matou.
-Que bom. -Respondeu simplesmente. -O Sol vai nascer em breve. Quer que eu vá com você? -Ele respondeu mexendo em uma mecha do meu cabelo. Sorri enquanto ele beijava meu pescoço.
-Adoraria sua companhia, mas sei que tem assuntos a tratar.
-Nada que seja tão importante quanto você. -Sorri enquanto ele mordia de leve meu pescoço, enrolei meus dedos em seu cabelo loiro e puxei-o pra cima de mim tomando-lhe a boca.
-Então acho que terei companhia. -Respondi beijando-o.
"O mais perigoso veneno é aquele que mata de forma doce e suave,
e não aquele que não deixa vestígios."

-Verdades-

Depois de um dia inteiro no vagão de um trem cheguei a Roma, de lá pegaria um voo pra América. Estava certa de que as coisas dariam certo. Não demorei muito em Roma apenas parei em um bar pra comer uma pizza e beber um pouco d'água, logo entrei no avião e vi as luzes da Europa ficarem perdidas abaixo das nuvens. Recostei em minha poltrona pensando no que faria a seguir. Eu tinha que me manter incógnita, ninguém podia desconfiar de mim... Eu já tinha mudado o cabelo e tentava manter minha face sempre escondida, mas ainda precisava tomar cuidado. Nada poderia revelar minha identidade.

--// Alguns dias depois na França //--

-Já está na hora, Kara. Ele está vulnerável, sozinho. Se não agirmos agora os Teodore irão e então tudo estará acabado. - Disse-me Henry, mais uma vez tentando convencer-me a acabar com Armand. Eu sabia que ele estava certo, mas não podia fazer o que me pedia.
-Vladimir não fará nada. -Disse afastando-me dele.
-Vladimir não pode controlar todos os Teodore. O pai dele ainda é o líder e se achar que o filho não está fazendo um bom trabalho vai interferir. Por que não me escuta? - Não respondi. Não havia o que responder. -Eu desisti de tudo por você.
-Eu sei.
-Eu matei minha família por você, sacrifiquei tudo. Daria minha vida agora mesmo se assim me pedisse e mesmo assim... Mesmo assim...
-Shhhhh. -Disse colocando meu dedo em seus lábios. -Sempre brigamos quando o assunto é Armand, não vamos perder mais tempo com isso, certo? -Ele afastou minha mão de seus lábios e me segurou pelo pulso.
-Não. O que você quer afinal, Kara? Me diga e eu darei a você. Estarei com você seja o que for que você quer. Mas eu preciso saber o que estou fazendo... Então fale comigo. Fale comigo como falava antes. Quando éramos só nos dois. Me conte tudo. Confie em mim de novo. Por favor. -Beijei-o.
-Eu confio em você. Confio em você, Henry. Mas não quero matar Armand... Não agora... Não assim. Quando eu lutar com ele quero que seja de verdade. Quero ver o brilho no olhar dele. Quero a fúria. Preciso ver o quão forte ele se tornou. Se não for assim será apenas assassinato.
-Já parou pra pensar que outro grupo possa matá-lo antes?
-Não permitirei. Vou cuidar dele.
-Cuidar dele? Está se ouvindo falar? -Henry afastou-se de mim dando-me as costas.
-Ele é meu irmão, Henry...
-Engraçado como só agora você foi vê-lo assim... Sempre me falou de como queria destrui-lo, como ele não podia cuidar dos vampiros, que não sabia dominar Paris. Agora ele é seu irmãozinho?
-Você matou sua família e Lane continuou a te amar não foi? Talvez eu estivesse errada, talvez ele só precise de ajuda.
-Kara...
-Eu vou ficar ao lado dele, Henry. Pode vir comigo ou ficar sozinho. A escolha é sua. -Antes que eu alcançasse a porta ele me abraçou.
-Não vá. -Sussurrou em meu cabelo. -Estou com você. Estarei sempre com você. -Sorri e virei-me para beijá-lo, logo os beijos tornaram-se mais urgentes e mais uma vez ele me pediu para beber dele e eu bebi, depois abracei-o e cortei meu pulso deixando que ele bebesse de mim também. Meu sangue não o transformaria em vampiro a menos que ele morresse, mas o deixava mais forte, seus poderes podiam comparar-se as de um da nossa espécie, principalmente quando ele ficava com raiva. Um dia eu o transformaria. Depois que tudo isso passasse e então teríamos a eternidade.

Despedi-me de Henry com um último beijo e fui até Armand. Ele estava sentado na sala de visitas observando aquela maldita espada como costumava fazer desde que ela partira, ele não se alimentava, não saia, falava muito pouco, sequer me olhava nos olhos. Respirei fundo. Isso acabaria hoje.

-Sabia que não suportaria. Eu avisei aquele tolo que você era fraco. Falei a ele que seria a ruína desse clã. Lafayete era um tolo! -Disse da porta com meu sorriso sinico brilhando, foi o suficiente para fazê-lo olhar-me.
-Do que está falando? -Falou. A voz rouca parecia estar presa na garganta. Ele parecia fazer um grande esforço para falar.
-Você sempre me perguntou isso e agora não sabe do que estou falando? Do seu pai, é claro, não conheço ninguém mais tolo. -Acertei! Vi um leve brilho da antiga fúria queimar seus olhos. -Por onde quer que eu comece? Quer que eu lhe conte como ele me implorou que cuidasse de você? Como o sangue dele manchou minhas mãos, minhas roupas? -Ri. -Eu tinha vindo alertá-lo mais uma vez. Vim dizer que você era muito jovem que não suportaria. Eu estava certa. -Ele levantou-se.
-Cale-se. -Falou como um sussurro.
-Os olhos dele brilhavam com fúria enquanto lutava. Um ótimo lutador, devo admitir. Mas com uma grande derrota também...
-Cale-se. -Falou um pouco mais forte dessa vez. Os punhos estavam cerrados junto ao corpo, os olhos fechados, eu estava quase... Só tinha que cavar mais fundo.
-Ele chorou antes de morrer. Pediu para não deixar o pobre Armand sozinho. Cuide dele, Kara...
-Cale-se! -Dessa vez sua voz já estava bem mais alta, mas ainda não podia ver seus olhos. Eu sabia que só quando a fúria explodisse ele poderia seguir.
-Patético! Um homem tão talentoso morrendo afogado pelo próprio sangue! Implorando pela vida do filhinho! -Ri escandalosamente. -De que adianta ter sido um grande líder se não teve a honra na hora da morte. PATÉTICO! -gritei rindo.
-CALE-SE!!!! -Ele gritou e seus olhos arderam em uma chama carmim enquanto ele partia pra cima de mim, continuei a rir mesmo com sua mão apertando meu pescoço, ele atravessou a parede comigo e paramos na sala de jantar, acertou dois socos em minha face não revidei. Apenas continuei a rir alimentando sua fúria, mais uma vez ele me pegou pelo pescoço e bateu minhas costas na parede tirando-me do chão. Eu sentia o sangue na minha boca.
-Cale-se agora. -Sibilou ele. Seu rosto muito próximo ao meu. Cuspi o sangue em seu rosto ainda sorrindo. Ele apertou mais minha garganta e preparou-se para me acertar com o soco, não desviei, não fechei os olhos. Eu tinha leve consciência das pessoas que nos observavam. Rafael, Greta, Bartolomeu e Charlotte observavam da porta sem se meter. Eu já não conseguia respirar, mas isso é dispensável quando se é vampiro.
-Já chega Armand. -Ouvi alguém dizer, mas não reconheci a voz. Quem ele pensava que era para se meter? -Já chega. -Repetiu a voz. De uma forma mais urgente agora.
-Não se meta! -Eu e Armand falamos juntos. Eu como um sussurro e ele como uma ameaça.
-Faça, Armand. Termine com isso. -Disse olhando-o nos olhos, mas tinha algo ali. Algo que não era fúria.
-Me conte de novo, Kara. Conte como o matou. -Disse Armand afrouxando e depois apertando meu pescoço. Dei um sorriso sinico.
-É tão idiota que não conseguiu entender o que já contei? -Disse eu obrigando a foz a sair.
-Me diga como o matou! -Gritou batendo com minha cabeça na parede. As coisas ficaram embaçadas e aos poucos pontinhos de luz começaram a entrar em foco vagarosamente. -DIGA!
-Ela não pode dizer como fez isso! -Gritou a mesma voz de antes. Vladimir. O que esse imbecil estava fazendo?
-Foi uma emboscada. Os melhores lutadores de toda França contratados pelos Teodore. Eles mataram Lafayete. -Armand começou a soltar meu pescoço. Ri e chutei-o pra longe. Enviei um aviso mental a Vladimir para ficar fora disso.
-O que foi, Armand? É mole demais pra me matar? É mole demais pra vingar o papai? Precisa que ele venha te defender, Armand?! -Soquei seu rosto ainda um pouco tonta, ele veio por trás de mim e acertou-me fazendo com que caísse no chão e ficando em cima de mim prendendo minha garganta com ambas as mãos.
-Não foi ela. Você sabe! Sabe que ela não chegaria tão longe! Se não acredita em mim faça-a falar! Conte a ele, Kara! Fale a verdade!
-Cale a boca. -Falei sentindo Armand fraquejar. Eu não tinha força pra lutar com ele de novo.
-Vamos, Armand! Faça a pergunta certa. -Disse Vladimir a alguns passos de nós. Armand pareceu considerar por alguns momentos, ele sabia que eu não poderia mentir pra ele.
-Foi você quem o matou, Kara? -Pela primeira vez ele vez a pergunta certa. Ele não perguntou o porquê ou como. Ele perguntou se fui eu... Não respondi e ele soltou meu pescoço chorando, deixei que a cabeça tombasse para o lado e vi de relance Vladimir sorrir. Um sorriso verdadeiro pela primeira vez na vida dele.
"Algumas vezes mentimos para ferir, algumas vezes para proteger,
mas no final não importa pois quem sofre somos nós."

-A Despedida-

Vaguei pela floresta um pouco perdida por algum tempo, até ouvir a discussão entre Kara e Armand segui até lá tomando cuidado para não ser ouvida, tentando manter meu coração em um ritmo baixo. aproximei-me apenas o suficiente para ouvi-los, podia ver apenas seus rostos de relance no meio das árvores.

-Pensei que sua intenção fosse me matar!
-Armand, querido. Se eu quisesse matá-lo estaria morto.
-Eu cansei dos seus malditos jogos! Diga o que quer! Diga Kara! -Pude ver a fúria nos olhos vermelhos de Armand enquanto a segurava pelos braços, Kara pelo contrario parecia triste, se é que isso era possível.
-Eu quero você, Armand... -Susurrou ela fazendo-o recuar e dar-lhe as costas.
-Não brinque comigo.
-Você sempre foi o que eu quis...
-Então porque não ficou comigo? Devíamos ter nos casado, lembra? Mas você preferiu fugir e matar meu pai!
-Armand, eu não... Esqueça! -Foi a vez dela virar-se de costas.
-Me conte Kara. Me conte o porquê. -Vi quando ela abraçou o próprio corpo de olhos fechados, ele aproximou-se cauteloso e tentou tocar-lhe o ombro fazendo-a se afastar e olha-lo.
-Não.
-Só quero saber o que houve. Se sempre me desejou tanto por que fez o que fez?
-Porque eu precisava! Você não entende, Armand. Não pode entender, nunca viu as coisas que eu vi, não sabe as coisas que eu sei.
-Então conte, explique-me!
-Isso não vai levar a lugar algum. Agora já não importa mais.
-Kara...
-Você me ama, Armand? -Perguntou ela surpreendendo a nós dois. Confusão passou pelos olhos de Armand, ele não sabia o que responder.
-Você é minha irmã, Kara...
-Você a ama, não é? Lane.
-Sim.
-Deveria deixa-la ir então... Se ela continuar aqui acabará morta. -Dito isso ela desapareceu deixando Armand sozinho. 

Ele sentou-se em uma raiz e escondeu o rosto nas mãos. Fui me afastar para dar a ele privacidade e acabei pisando em umas folhas fazendo barulho.
-Quem está ai?! -Rosnou Armand. Sai de trás das árvores olhando em seus olhos vermelhos que assim que me viram voltaram ao azul normal. Olhamo-nos por alguns segundos e ele aproximou-se abrindo os braços para me receber, fui até ele e assim que senti seu corpo tão junto ao meu não pude mais segurar as lágrimas. Eu tinha que ir embora. Era a única solução, ele acabaria morto se eu não fosse.
-Sinto muito. -Sussurrei.
-A culpa não é sua. Eu sou o vampiro mau que bebeu seu sangue, lembra? -Disse ele tentando fazer-me sorrir. Dei a ele um pequeno sorriso e beijei-o.

Coloquei todos os meus sentimentos naquele beijo e ele correspondeu na mesma intensidade. Meus braços envolveram seu pescoço e minhas mãos agarraram seus cabelos enquanto ele me levantava, usei minhas pernas pra prender-me a ele, minhas unhas arranharam sua nuca enquanto ele me apertava com força contra seu corpo forte, as roupas eram a única coisa que impediam um contado maior então rapidamente me livrei da camisa dele e admirei seu físico forte, os músculos eram definidos, a pele lisa e macia, uma pequena cicatriz marcava seu peito do lado esquerdo, acompanhei a marca com o dedo, mas ele logo exigiu minha atenção beijando-me de novo. Armand deitou-me cuidadosamente na grama ficando por cima de mim e sem deixar meus lábios por um momento sequer ele arrancou minha blusa e logo estávamos completamente nus no meio da selva. Seus beijos se tornavam mais urgentes, ele me tocava e explorava cada parte do meu corpo enquanto eu me deliciava com a sensação que seu toque despertava em mim, ele beijava meu pescoço enquanto eu cravava minhas unhas em suas costas. Gemendo por ele, suspirando por ele, querendo mais, mais, mais! Ele voltou a beijar minha boca, mordendo o labio inferior para provar meu sangue. O prazer só fez aumentar. E foi então que eu descobri que não importava em que parte do mundo eu estivesse eu sempre seria dele e ele sempre seria meu.

Naquela noite eu parti sem olhar pra trás. Sem me despedir. E deixei naquela cidade um pedaço de minha alma.
"Não diga adeus. Porque dizer adeus significa ir embora e ir embora
significa esquecer". (Peter Pan)

-A decisão-

Depois que Kara saiu fiquei remoendo sua ideia até adormecer, acordei no por do Sol e depois de um banho rápido desci. Fui informada que meu irmão havia saído e por isso teria de jantar sozinha, fiz isso e fui pra sala de visitas pensar em como colocaria meu plano em pratica. Eu teria que ir embora, desaparecer, mas como faria isso? Estava perdida em meus pensamentos quanto uma voz musical me despertou.

-Atrapalho? -Perguntou-me Armand.
-Nunca. -Respondi sorrindo e virei-me pra ele. Seu rosto estava mais pálido que o normal, seus olhos não tinham mais o mesmo brilho... -O que houve?
-Devo estar horrível, não é? Faz algum tempo que não me alimento... -Respondeu ele um pouco sem jeito, na mesma hora me lembrei o motivo que o impedia de se alimentar. Levantei-me de um salto e envolvi-o com meus braços.
-Beba. -Disse a ele simplesmente. Ele resistiu um pouco, mas a fome o venceu. Seus braços me envolveram retirando-me do chão, ele sentou-se no sofá e me posicionou em seu colo. Primeiro depositou um cálido beijo na base de meu pescoço e depois senti a mordida, o meu sangue passando pra ele. Desta vez não desmaiei, ele se afastou quando eu comecei a enfraquecer.
-Obridado. -Disse ele limpando a boca um pouco constrangido. Apenas sorri. O que eu deveria dizer? 'Não a de que, estou a disposição...' Eu não sou tão idiota. Estava inclinando-me para beijá-lo quando entram na sala Vladi e Kara rindo de braços dados, Sanji seguia logo atrás levemente mau humorado. Afastei-me e me sentei no sofá colocando o cabelo pra frente na tentativa de esconder o pescoço.

-Olá maninho! -Disse Kara sorrindo e dando um beijo na bochecha de Armand deixando a ambos desconfortáveis. -Lane, sempre um prazer vê-la. -Limitei-me a fingir um sorriso. Depois ela jogou-se no sofá a nossa frente ficando ao lado de Vladi enquanto Sanji servia vinho. Ele deu taças e notei que a de Armand era levemente mais espessa que a minha, ele notou a direção de meu olhar e abandonou a bebida sorrindo.

Quem olhasse nosso grupo conversando naquela noite não diria que entre nós havia tantas divergências, parecíamos mais um grupo de amigos reunidos na noite para beber e conversar. Pelo menos foi assim até Kara ter a brilhante ideia de treinarmos do lado de fora. Assim sendo fomos para a floresta. Eu podia ver os lobos espreitando. Vladi e Sanji posicionaram-se e os lobos apareceram assim que o primeiro golpe foi desferido. Eles eram bem rápidos, mais rápidos que eu. Tinha de me esforçar para acompanhar seus movimentos. Era uma luta justa, os dois se igualavam em força e agilidade, a luta ia bem até Vladi acertar um golpe nas costelas de Sanji que o fez voar direto para uma árvore e chocar-se com ela provocando grande estrondo. Ele levantou rapidamente e de cabeça baixa partiu em uma velocidade impessionante pra Vladi.
-Merda. -Ouvi-o sussurrar preparando-se para o choque. Kara ficou na frente fazendo Sanji parar a centímetros dela.
-Fim da luta. -Anunciou. -O tempo de vocês acabou, meninos. Agora é a vez dos vampiros. -Disse olhando para Armand. Ele começou a levantar-se. Na mesma hora senti um frio na barriga e segurei-o pelo pulso.
-Não precisa lutar. É uma brincadeira idiota. -Disse querendo que ele voltasse a sentar. Ele sorriu.
-Tem razão. É só uma brincadeira. -Ele deu-me um beijo leve e antes que eu abrisse os olhos ele já estava atacando Kara com os olhos vermelhos brilhando enquanto ela sorria. Sanji e Vladi sentaram-se perto de mim para observar a luta.

Eles era impressionantes, rápidos de uma forma que eu nunca tinha visto. Ela lutava com uma graça divina, movimentos leves, esgueirando-se e procurando as brechas na barreira de Armand, ele era um predador habilidoso, forte e destemido. Podia pressentir o golpe final aproximando-se, todos podiam, até os lobos estavam totalmente concentrados. Levantei-me para ver Armand partir para Kara com toda a sua força depois de ela ter sussurrado algo que só eles compreenderam.
-Game over. -Ouvi Vladi dizer com um sorriso vitorioso ao meu lado. O vento soprou meu cabelo e quando eu pude ver, Kara estava por trás de Armand pronta para matá-lo assim que desejasse, ele virou-se e ela acertou-o na face fazendo com que ele caísse no chão usando seu poder para mantê-lo imóvel. Eu via que ele tentava se levantar, mas era inútil, ele não podia falar e nem se mover, ninguém faria nada. Kara pegou uma adaga e caminhou até ele tranquilamente. Foi quando notei que Sanji olhava alguma coisa na base de meu pescoço. Merda.
-Ele mordeu você. -Constatou ganhando a atenção não só minha mas de Vladi, Kara e Armand também. Todos pararam. Sanji levantou-se. -Ele mordeu você na minha casa?!
-Eu permiti... -Tentei explicar, mas já era tarde demais, não pude fazer nada para impedir Sanji de partir enfurecido para cima de Armand com uma espada em punho. Ele passou por Kara. E por sorte ela foi mais rápida e segurou-o antes que ele chegasse até Armand quebrando o feitiço.
- Eu posso explicar... -Armand tentou falar, mas Sanji estava cego de ódio.
-Kara, solte-me! Eu vou matar você!
-Henry! Tem que se acalmar! -Kara tentou persuadi-lo.
-Não!
-Acalme-se agora! -Esbravejou ela empurrando-o. Isso pareceu despertá-lo. Sanji deixou a espada cair ao lado do corpo.
-Quero você fora da minha casa. Agora!
-Henry... -Tentou Armand de novo.
-Agora! -Antes que Armand voltasse a falar alguma coisa Kara desapareceu na floresta levando-o com ela. Depois disso Sanji seguiu por uma trilha e não vi mais os lobos.
-Isso foi um grande show. -Disse Vladi rindo. -Você pode aprender muito com seu irmão.
-Idiota! -Disse dando um tapa em seu rosto. Ele continuou sorrindo e olhou-me de um jeito um tanto maníaco.
-Você se tornou o banco de sangue móvel dele e eu sou o idiota? -Não sabia o que responder então sai correndo. Talvez encontrasse Armand na floresta, eu precisava saber como ele estava, não podia deixá-lo sozinho com Kara.
"Perdido mais uma vez na escuridão, não sei o que é certo. O que é errado.
Diga-me, Anjo, como faço para prová-la uma vez mais."

-A solução perfeita-

Pietro veio até mim quando não voltei para perto do fogo.
-Se continuar ai vai congelar, e se congelar monsieur Lafayete vai me matar. -Disse sorrindo. -Vem volte pra perto do fogo.
-Não obrigado. Já está tarde, o Sol logo nascerá. É melhor que eu volte. Até mais. -Disse rápido, saindo pela floresta sozinha. E a passos lentos cheguei ao castelo. Observei-o por alguns instantes. O Sol já despontava atrás deste. Suspirei e entrei, não encontrei Sanji em lugar algum então fui para meu quarto. Precisava pensar. Sentei-me na cama e mordendo uma unha ordenei ao meu cérebro que funcionasse.


Eu não posso matar Armand, eu o amo, mas se eu não matá-lo... Tenho medo do que Vladi possa fazer, ele é totalmente imprevissivel, acho que talvez seja isso que me fascina nele... Talvez seus olhos, seus músculos, seu beijo também não é nada mal... FOCO! O que a antiga Lane faria? A Lane com sede de vingança, a assassina fria que matava sem piedade. Ela esqueceria o coração e cumpriria a missão da qual foi encarregada. Não, ela nunca teria deixado chegar a este ponto, ela já teria feito o que foi paga pra fazer. O fato é que eu não sou mais essa Lane e espero nunca voltar a ser... O que eu faço então?

-Está se concentrando demais pequena Lane. -Sussurrou ela. Kara. Levantei-me pronta para uma luta.
-O que faz aqui? -Perguntei encarando-a. Ela estava parada na porta com um vestido negro leve e um olhar zombeteiro no rosto. Ela não deveria estar ali, estava de dia. Vampiros deveriam ficar escondidos durante o dia não é? Deveriam dormir.
-Nossa. Vim fazer uma pequena visita e é assim que me recebe? -Disse ela entrando no meu quarto sempre com aquele sorriso sínico.
-Você não deveria estar em um caixão em algum lugar? -Disse rispida. Ela riu.
-Como é inocente. O fato de não podermos andar no Sol não nos torna inúteis durante o dia. -Ela colocou a mão na luz que entrava pela minha janela e olhou a carne queimar por um momento antes de puxar a mão de volta e ver essa em perfeito estado de novo.
- O que você quer?! -Sibilei. Ela olhou-me como se eu fosse algum tipo de idiota.
-Vim lhe dar uma solução. Sei o que Vladimir quer que faça e sei que não quer fazer. então vou dizer o que deve ser feito. Você. Vai. Embora.
-Como? -Perguntei sem entender o que ela queria dizer.
-Isso não deveria ser tão difícil de aceitar, Lane. O seu passado é marcado por fulgas. Seus pais fugiram da França, da guerra, seu irmão fugiu do que provocou no Japão, você fugiu da morte na casa em chamas, fugiu de Vladimir, de mim e agora vai fugir de tudo. Pense bem Lane, é a solução perfeita. Nunca mais vai ter que se lembrar do passado, não vai precisar cumprir o que prometeu, não vai mais ficar dividida entre o ódio e o amor. Uma vida nova, Lane... Pense nisso. -Logo depois de ter dito isso ela se foi. Tão rápido quanto apareceu, me deixando tão sozinha quanto antes e agora eu tinha algo pra pensar. A proposta dela não era tão absurda. Se eu deixasse tudo isso as coisas ficariam bem de novo. Quanto mais eu pensava nisso mais a solução se tornava plausível... Exceto pelo fato de que teria que deixar tudo. Meu irmão, que matou meus pais... Vladi, que só se preocupava em destruir os inimigos... Armand, o vampiro mais gentil que já conheci. O homem por quem me apaixonei.

-// Kara's POV //-

- Não se preocupe, querido. Eu já cuidei de tudo por você. Como prometi naquela noite vou te ajudar enquanto for meu... -Disse abraçando Sanji por trás. Eu ainda lembrava de quão doce criança ele era, um prodígio, ainda me lembrava de como fiquei atrás dele observando-o enquanto matava a mãe e o pai, ateamos fogo na casa. Foi uma noite divertidissima! E alguns anos depois ele seria meu pra sempre, eu soube disso desde o momento que o vi treinar na mata e agora ele era meu.
-Tem certeza que devemos deixá-la partir? -Perguntou-me. Seus olhos tristes fitando-me intensamente. Sorri. Gostava desse olhar, o mesmo olhar da noite em que matou os pais.
-Sim. Vai ser melhor para todos quando ela não estiver mais aqui.
-Quer dizer que vai ser melhor para seu precioso Armand! Talvez seja melhor deixá-lo morrer. -Olhei-o.
-Não vamos discutir isso de novo. -Falei.
-Kara, sinto muito pela morte do seu tio, sei que não era o que queria, sei que foram os Teodore, mas os Lafayete não sabem, pensam que foi você. Não vão perdoá-la. Se quer o trono deve matá-lo.
-Já falamos sobre isso...
-Então deixe-a matá-lo se não vai fazer... Se ela não for forte o suficiente eu faço.
-Eu disse que já chega...
-Mas, Kara...
-Basta! -Esbravejei. Ele olhou-me em silencio e abaixou o olhar aceitando minha decisão. Aproxime-me e acariciei seu rosto. -Vamos continuar com o que estávamos fazendo OK? Deixe que eu cuido de Armand quando for a hora.

Ele não respondeu e eu beijei-lhe os labios, suas mãos envolveram minha cintura e as minhas prendiam seus cabelos, depois beijei-lhe o pescoço.
-Sim... -Ele sussurrou pra mim, sorri cravando minha presas em sua veia e degustando o delicioso sabor de seu sangue. Passamos o resto do dia aconchegados no subsolo da casa. As coisas dariam certo. Tudo como o planejado...
"Deixe-se envolver pela escuridão, deixei-se abraçar pelo ódio, 
não existe melhor companhia que a solidão."