Depois daquele dia eu andei nas ruas sozinha, desamparada. Eu só tinha a roupa do corpo e naquela noite ele apareceu. O homem com a capa negra e o rosto encoberto pelas sombras, e me estendeu a mão, alimentou-me, vestiu-me, treinou-me. Ele vez o fogo da vingança arder em meu peito, motivou-me a me tornar cada vez mais forte para um dia vencer aquele que tanto me fez sofrer. Ele me ensinou a continuar, mesmo sem nunca ter me dado uma palavra de afeto ele me "empregou". Soujirou Takamoyo.
Fiquei por muito tempo olhando a lua, até que me decidi a tomar uma atitude. Eu não era mais uma criança desamparada e muito menos uma garota melancólica. Eu sou Lane Arashi a assassina de sangue frio. Eu dizimei clãs, matei mulheres e crianças sem remorso e mantenho minha cabeça erguida. Chegou a hora de enfrentar o passado e o futuro ao invés de olhar pra trás. Chega de flash back agora vou trilhar o futuro.
Coloquei o sobretudo, armei-me e pulando a janela corri pra a noite de Paris. Cheguei a porta dos Teodore.
-Não preciso ser anunciada. -Declarei ao entrar onde Vladimir jantava com alguns "amigos". Ele olhou-me.
-Dêem-nos licença por favor. -Disse aos homens que logo saíram. Depois disso ele limpou os lábios com o guardanapo e fazendo um gesto para que me senta-se ofereceu-me um prato. Recusei.
-Não vim fazer-lhe companhia no jantar. Quero saber o quanto você já conhecia desta historia.
-Perdão? -Bati na mesa debrucei-me para mais perto dele.
-Não tente fazer-me de idiota. Desde quando você sabe de minha relação com... "Henri"?
-Refere-se ao fato de serem irmãos?
-O quanto sabe? -Disse entre dentes. Ele sorriu sinico.
-Há dez anos atrás aconteceu uma chacina no Japão. Só poderia haver um sobrevivente. Um grande clã Frances uniu-se com um Japones, ambos só tinham em mente o poder que a morte dessa família lhes proporcionaria. O patriarca de tal família, mesmo fazendo segredo de seu titulo era membro da família imperial japonesa e um dos maiores espadachins da Ásia oriental, talvez até da Europa, sua esposa não era apenas quem dizia ser, ela era na verdade herdeira da família real da França e poderia reclamar seu trono. Seus filhos poderiam comandar facilmente a nova Era, desde que fossem treinados para isso e por esse motivo eram um obstáculo. O resultado foi um pacto, que deu origem a chacina mascarada por um incêndio. Porem algo deu terrivelmente errado e não foi apenas uma pessoa que escapou. As vitimas daquela noite morreram em vão, pois nenhum dos clãs envolvidos no golpe ganhou o que desejava.- Não disse nada, precisava primeiro por meus pensamentos em ordem.
-Dê-me o endereço. -Disse. Ele sabia pelo que eu anceava e me entregou o endereço de Sanji. Segurei com força o papel e levantei-me.
-Lane. -Virei-me para ele. -É apenas um conselho, não precisa segui-lo, mas, as vezes, as coisas que estão esquecidas no passado devem continuar lá.
-Desculpe Vladimir, mas pra mim essas memorias são tão reais quanto eu e você. -Disse saindo logo após.
Corri mais uma vez, desta vez ouviria a historia da boca dele. Sanji teria de me dizer a verdade. Cheguei ao local indicado. Era uma espécie de castelo medieval escondido no centro de uma floresta. Pulei o portão de ferro e atravessei o jardim seco até a porta principal, uma coruja piava ao longe. Uma grande aldrava de ouro maciço foi a única campainha que pude encontrar então toquei-a. Logo um homem alto com cara de morte abriu a porta para mim.
-Em que posso ajudar?
-Sou Lane Arashi. Seu patrão sabe o motivo de minha visita.
-Queira desculpar, mas devido ao adiantado da hora o patrão já não se encontra disponível. -Disse ele tentando fechar a porta.
-Serei rápida. Apenas diga o meu nome e verá que ele deseja conversar comigo. -Disse. O homem resistiu, então suspirando empurrei a pesada porta com força abrindo-a de forma a poder me infiltrar no castelo. Agora eu só teria de encontra-lo.
-Quem está ai Orlando?
-Desculpe senhor. Esta moça forçou passagem, porem já irei mostrar-lhe a saída. -Disse ele fechando sua mão grande em meu braço.
-Ora, solte-me! -Ele apareceu sob a luz quase escassa e ao ver meu rosto ficou um pouco perplexo.
-Pode soltá-la. Siga-me Lane. -Disse ele. Segui-o alem das escadas para o seu aposento. -Desculpe a deselegância das vestes, porem a hora não é muito oportuna. -Disse coçando os olhos ao sentar-se em uma cadeira próximo a janela.
-Não me interesso por suas vestes, Nii-san. -Disse. -Apenas quero ouvir toda a verdade de seus lábios. Diga-me por favor o que aconteceu. -Ele olhou a Lua suspirando e ali permaneceu por algum tempo.
"Agora não há como fugir, piedade nunca mais..."