segunda-feira, 28 de junho de 2010

-Reunião de familia-

Não consegui pegar no sono aquela noite, precisava saber o que havia acontecido na verdade. Sentei-me na sacada e olhando o céu nublado da meia noite lembrei do incêndio e do pós-incêndio. O enterro, 4 tumbas: Victoria Arashi, amada mãe. Shirio Arashi, dedicado pai. Myuki Arashi, doce filha e irmã. Sanji Arashi, querido irmão e filho.

Depois daquele dia eu andei nas ruas sozinha, desamparada. Eu só tinha a roupa do corpo e naquela noite ele apareceu. O homem com a capa negra e o rosto encoberto pelas sombras, e me estendeu a mão, alimentou-me, vestiu-me, treinou-me. Ele vez o fogo da vingança arder em meu peito, motivou-me a me tornar cada vez mais forte para um dia vencer aquele que tanto me fez sofrer. Ele me ensinou a continuar, mesmo sem nunca ter me dado uma palavra de afeto ele me "empregou". Soujirou Takamoyo.

Fiquei por muito tempo olhando a lua, até que me decidi a tomar uma atitude. Eu não era mais uma criança desamparada e muito menos uma garota melancólica. Eu sou Lane Arashi a assassina de sangue frio. Eu dizimei clãs, matei mulheres e crianças sem remorso e mantenho minha cabeça erguida. Chegou a hora de enfrentar o passado e o futuro ao invés de olhar pra trás. Chega de flash back agora vou trilhar o futuro.

Coloquei o sobretudo, armei-me e pulando a janela corri pra a noite de Paris. Cheguei a porta dos Teodore.
-Não preciso ser anunciada. -Declarei ao entrar onde Vladimir jantava com alguns "amigos". Ele olhou-me.
-Dêem-nos licença por favor. -Disse aos homens que logo saíram. Depois disso ele limpou os lábios com o guardanapo e fazendo um gesto para que me senta-se ofereceu-me um prato. Recusei.
-Não vim fazer-lhe companhia no jantar. Quero saber o quanto você já conhecia desta historia.
-Perdão? -Bati na mesa debrucei-me para mais perto dele.
-Não tente fazer-me de idiota. Desde quando você sabe de minha relação com... "Henri"?
-Refere-se ao fato de serem irmãos?
-O quanto sabe? -Disse entre dentes. Ele sorriu sinico.

-Há dez anos atrás aconteceu uma chacina no Japão. Só poderia haver um sobrevivente. Um grande clã Frances uniu-se com um Japones, ambos só tinham em mente o poder que a morte dessa família lhes proporcionaria. O patriarca de tal família, mesmo fazendo segredo de seu titulo era membro da família imperial japonesa e um dos maiores espadachins da Ásia oriental, talvez até da Europa, sua esposa não era apenas quem dizia ser, ela era na verdade herdeira da família real da França e poderia reclamar seu trono. Seus filhos poderiam comandar facilmente a nova Era, desde que fossem treinados para isso e por esse motivo eram um obstáculo. O resultado foi um pacto, que deu origem a chacina mascarada por um incêndio. Porem algo deu terrivelmente errado e não foi apenas uma pessoa que escapou. As vitimas daquela noite morreram em vão, pois nenhum dos clãs envolvidos no golpe ganhou o que desejava.- Não disse nada, precisava primeiro por meus pensamentos em ordem.
-Dê-me o endereço. -Disse. Ele sabia pelo que eu anceava e me entregou o endereço de Sanji. Segurei com força o papel e levantei-me.
-Lane. -Virei-me para ele. -É apenas um conselho, não precisa segui-lo, mas, as vezes, as coisas que estão esquecidas no passado devem continuar lá.
-Desculpe Vladimir, mas pra mim essas memorias são tão reais quanto eu e você. -Disse saindo logo após.

Corri mais uma vez, desta vez ouviria a historia da boca dele. Sanji teria de me dizer a verdade. Cheguei ao local indicado. Era uma espécie de castelo medieval escondido no centro de uma floresta. Pulei o portão de ferro e atravessei o jardim seco até a porta principal, uma coruja piava ao longe. Uma grande aldrava de ouro maciço foi a única campainha que pude encontrar então toquei-a. Logo um homem alto com cara de morte abriu a porta para mim.

-Em que posso ajudar?
-Sou Lane Arashi. Seu patrão sabe o motivo de minha visita.
-Queira desculpar, mas devido ao adiantado da hora o patrão já não se encontra disponível. -Disse ele tentando fechar a porta.
-Serei rápida. Apenas diga o meu nome e verá que ele deseja conversar comigo. -Disse. O homem resistiu, então suspirando empurrei a pesada porta com força abrindo-a de forma a poder me infiltrar no castelo. Agora eu só teria de encontra-lo.
-Quem está ai Orlando?
-Desculpe senhor. Esta moça forçou passagem, porem já irei mostrar-lhe a saída. -Disse ele fechando sua mão grande em meu braço.
-Ora, solte-me! -Ele apareceu sob a luz quase escassa e ao ver meu rosto ficou um pouco perplexo.
-Pode soltá-la. Siga-me Lane. -Disse ele. Segui-o alem das escadas para o seu aposento. -Desculpe a deselegância das vestes, porem a hora não é muito oportuna. -Disse coçando os olhos ao sentar-se em uma cadeira próximo a janela.
-Não me interesso por suas vestes, Nii-san. -Disse. -Apenas quero ouvir toda a verdade de seus lábios. Diga-me por favor o que aconteceu. -Ele olhou a Lua suspirando e ali permaneceu por algum tempo.

"Agora não há como fugir, piedade nunca mais..."

domingo, 27 de junho de 2010

-Sanji Arashi-

Sanji's Diarie _ September, 13, 2030.

Hoje ele veio mais uma vez repetir a proposta enquanto eu treinava no campo. "Mate-os e lhe darei o mundo", disse ele. Louco. Como poderia aceitar matar minha própria família? Na primeira vez em que ele fez esta proposta achei que era louco e não lhe levei a serio. Porem ele voltou a aparecer. Disse a mim mesmo que o mataria se ele voltasse a fazer tal proposta, mas nunca o fiz. Sua simples presença me intrigava. Mesmo nunca tendo observado-o lutar podia sentir o poder que emanava de seu corpo. Suas vestes e cabelos longos e negros, a face sempre envolta em sombras e mistério, mesmo durante o dia, me passavam a ideia de algo maior do que o imaginável.

Mais uma vez voltei para casa com meu pai sem nada mencionar, na realidade ele não era um homem de muitas palavras, se importava apenas com a "segurança" família, treinava-me para que eu me tornasse um guerreiro excepcional e pudesse proteger minha mãe e irmãs quando ele se fosse. Essa era sua única preocupação.

Chegando a casa minha mãe estava sentada na grama com seu longo vestido, como sempre um sorriso enchia sua face, Myuki estava rindo em seu colo enquanto Lane dançava rindo de si mesma. Assim que me avistou subindo a colina ao lado de nosso pai ela correu até ele como sempre e atirou-se em seus braços tagarelando sobre a flor que havia encontrado. Meu pai sorriu e elogiou-a pelo achado indo até Myu e minha mãe logo após. Lane veio até mim. Seus olhos verdes brilhavam e o sorriso enchia sua face rosada. "Sanji! Como foi o treino?!", sorri, e respondi qualquer bobagem e ela me deu um soco por não prestar atenção. Peguei-a no colo e rolamos no chão fingindo lutar. No fim venci-a como sempre e ela saiu batendo o pé e prometendo que um dia me venceria. Ri.

Um vento frio passou e olhei as montanhas, lá estava ele. O homem que sempre aparecia pra mim, encarei-o, mas Lane chamou minha atenção e quando tornei a olhar ele não estava mais lá. Talvez fora apenas mais uma peça da imaginação. Voltei para casa. Mais cenas cotidianas da família.

Meu pai na cabeceira da mesa eu a sua esquerda, minha mãe a direita, Lane a meu lado e Myu ao lado de minha mãe, ela toca de leve no crucifixo que leva sempre no peito em uma prece silenciosa. Nunca entendi o motivo destas preces e acho que ela também não, mas era algo a que minha mãe se apegara, a fé, para ela ainda podia existir um Deus para livrar esse mundo perdido. A peste já havia contaminado toda a Europa, os vampiros e os mais poderosos clãs guardavam a cura, submissão total era sua exigência, muitos já haviam se rendido. Onde estava esse Deus enquanto o seu povo morria ou se submetia perante os mais fortes? Simplesmente me negava a acreditar que tal entidade realmente existia.

Há 19 anos atrás minha mãe era uma jovem cristã na França, meu pai era um militar que lutava pelo Japão, embora seu pai houvesse sido Francês, eles se conheceram em um ataque ao presidente no poder que discursava frente a torre eiffel. Meu pai percebeu um vampiro indo na direção de mamãe e salvou-a. Eles conheceram-se melhor a partir dali e um ano depois, quando ela descobriu que estava gravida, fugiram para o Japão já que os vampiros haviam realmente tomado o controle total do poder. O presidente não mais passava de um fantoche.Nasci em dezembro de 2012, 11 anos depois nasceu Lane e depois Myu. Vivemos bem desde de então.

November, 2030

Não sei o que deu em mim. Aceitei a proposta. Agora é tarde demais para voltar atrás. Ele virá cobrar a divida.

January, 2031

Estão todos mortos. Matei-os com minhas próprias mãos. Vou para a França onde meu mestre me espera. Ele já não é mais a presença desconhecia que outrora me enchia de indagações, agora é tão real quanto qualquer um que já conheci. Ele me guiará. Tudo ficou pra trás. Agora sou Henri Novaz, um rico aristocrata do Sul da França que veio tentar fortuna na capital.

"Quando se tem o mundo nas mãos até os desejos mais obscuros tornam-se sensatos."

sábado, 26 de junho de 2010

-Call me Superman-

Quando enfim tomei coragem para ir até eles encontrei-os conversando na sala de estar. Kara estava entre eles. Parei na porta encarando seu sorriso sinico para mim, percebi que o ferimento que eu havia feito em sua perna já não mais existia. Desviei meu olhar para Sanji num pedido mudo para ficarmos sozinhos, ele entendeu.

-Monsieur, mademoiselle  Lafayete, poderiam nos deixar a sós por um momento. -Armand levantou, porem Kara continuou sentada por um tempo. Ela saiu logo atrás de Armand e eu fui até Sanji.
-Mau posso acreditar que está vivo! -Exclamei.
-Mademoiselle, desculpe-me ter de dizer-lhe isso, mas está enganada. Não sou quem pensa que sou. -Neguei com a cabeça.
-Não estou enganada, Sanji! Eu posso reconhecer meu próprio irmão, mesmo depois de dez anos. -Disse. Ele levantou-se olhando-me interrogativo e depois virou de costa indo atiçar o fogo. -Como escapou do fogo? E do assassino? O que houve com você? A tanto de quero saber...
-Mademoiselle...
-Pare de me chamar assim!
-Lane. Já disse que não sou quem pensa que sou.
-Sei quem você é. Só não sei como está vivo. -Aproximei-me dele. -Olhe em meus olhos Sanji. Olhe em meus olhos e diga que estou enganada.

Olhamo-nos por um tem por indeterminado, até que ele abaixou o olhar.

-Sinto muito, Lane. Queria poder dizer-lhe que sou eu. Queria poder responder a todos as suas perguntas, mais não posso. Eu... Fui fraco naquela época e mesmo agora não sou forte o suficiente. Sinto muito por tudo o que lhe fiz passar e sinto muito pelo que ainda virá, mas não posso parar agora. Me desculpe. -Dito isso ele saiu rapidamente sem dar maiores explicações. Fiquei ali perplexa. O que ele quis dizer com tudo aquilo? Eu ainda não tinha minhas respostas, mas com certeza as conseguiria. Sim, eu tinha meu irmão de volta.

"Os horizontes estendensse aos nosso pés. Tudo é possível e transmutável. Por você vou além."

sexta-feira, 25 de junho de 2010

-Fantasmas do passado-

Ele guardou a espada e veio andando em minha direção, quanto mais ele se aproximava, mais eu tinha certeza de quem ele era. O cabelo loiro liso, os olhos verdes iguais aos do papai, o corpo forte, o rosto serio típico de Sanji. Era ele. Sem duvida era meu irmão, mas como? Como ele escapou?

-Lane, você está bem? -Perguntou oferecendo-me um lenço. Debilmente toquei seu rosto ou invés de pegar o lenço, uma lágrima irritante escapou. -O que houve? Há algo errado, Lane?
-Talvez pela primeira vez na minha vida não há nada errado. -Abracei-o. -Sei quem você é. -Ele ficou rígido sob meu abraço.
-Como assim? Eu sou Henri Novaz nasci em Toulouse no Sul. Nos conhecemos ontem... -Separei-me dele e o interrompi.
-Não. Você é meu irmão Sanji Arashi. Eu achei que tivesse morrido no incêndio a 10 anos.
-Não sei do que está falando. Você realmente não está bem mademoisselle. -Ele me segurou pelo pulso e guiou-me até a casa. Quando entramos Armand vinha descendo as escadas.
-Lane! Eu encontrei com Kara, você está bem? -Disse vindo rápido em nossa direção. Afirmei com a cabeça e voltei a olhar Sanji.
-É melhor deitar-se my lady. -Ele e Armand trocaram um olhar quando me neguei a subir. Então Armand o fez virar-me pra ele.
-Lane. Você está cansada e Kara deve ter brincando com seus sentidos. Realmente é melhor tentar dormir um pouco. Vou subir logo após terminar de tratar um assunto com Henri.
-Tudo bem. -Disse ainda um pouco relutante. E mais uma vez voltei-me para Sanji. -Amanhã conversaremos.
-Tão pronto o Sol se por estarei em vossa presença. -Concordei com a cabeça e subi as escadas lentamente.
-Bonsoir. -Disse já de costas, mas não fiquei tempo suficiente para ouvir uma resposta.

Corri até o quarto e peguei dentro do armário a caixa onde havia guardado a foto de minha família. Sem duvidas era Sanji. Como ele escapará era um mistério, mas ele estava ali. Cai de joelhos não conseguindo conter as lágrimas.

"Palavras que iludem, atitudes que machucam, você finge ser algo que eu não posso ter,
que não posso aceitar."

quinta-feira, 17 de junho de 2010

-Rival-

Acordei ao por-do-Sol, me sentia fraca e um pouco tonta, toquei o pescoço e senti o local onde Armand mordera, dois furinhos doloridos. Levantei-me e jogando o cabelo pro lado observei-os no espelho, dois pontos negros e vermelho em volta.

-Desculpe. Deve alimentar-se, logo se sentirá melhor. -Disse Armand que estava encostado a porta do banheiro, os cabelos molhados indicavam que acabara de sair do banho, porem já estava totalmente vestido. Aproximei-me dele e sem dizer nada o beijei. Quando o liberte de meu beijo ele respirou fundo e tornou a falar. -Eu realmente sinto muito, não queria machucá-la e não vai tornar a acontecer. -Neguei com a cabeça.
-Será que não entende? Você não me machucou. Fez o que eu queria.
-Dois furos no pescoço e uma dor de cabeça terrível?
-Não. Me deixou vê-lo como é, sem esconder-se, sem negar-se. Você é um vampiro, não vou negar isso e você também não pode negar. Meu sangue agora corre por você como prova de meu amor e como prova do seu quero que nenhum outro sangue humano o alimente sem ser o meu. -Disse firme. Ele pareceu desconsertado e indeciso, mas aceitou e beijou-me.

23.58 horário de Paris

Estava sentada sozinha do lado de fora da mansão observando o jardim escuro, o inverno se aproximava e o frio congelava até os ossos, a vista era parcialmente encoberta devido a neblina. Kara sentou-se a meu lado.

-Sei no que está pensando.
-Não sabia que alem de vampira também era telepata. -Disse ríspida.
-Não é necessário ser nenhum genio para saber que está pensando em se dará certo entre você e o Armand. Já aviso, no final um morre pelas mãos do outro...
-Agora também virou vidente?! -Interrompi-a levantando-me, sem eu sequer perceber ela me segurou pelo pescoço tirando meus pés do chão, seus olhos vermelhos me fitavam com fúria.
-Saiba que se for meu irmão a morrer eu mesma mandarei-a para debaixo da terra. -Ela me pôs no chão e virando-me de costas pra ela falou em meu ouvido. -O prazer de matar Armand é única e exclusivamente meu. -Disse. Virei-me rápido e por pouco não consigo esfaqueá-la com uma de minhas adagas. Ela riu.
-Não vou matá-lo. E também não deixarei que o faça. -Tentei aparentar uma calma que eu não tinha. Ela me atacou, certeira como uma cobra dando o bote acertou meu estômago mandando para o chão ao longe, porem não cai, apoiei uma das mãos no chão e lancei o corpo para trás ficando em posição de defesa.
-É uma tola se pensa que pode haver um final menos sangrento. Vocês dois são apenas mais um conto de Romeu e Julieta. -Ela veio de novo e desta vez consegui ver sua movimentação, me concentrei em sua postura e contei os passos.

1,2,3,4. DIREITA!

Desviei, mas ela conseguiu cortar minha bochecha, formando um fino corte, uma gota carmim escorreu por meu rosto e ela acompanhou-a cair. Consegui vê-la vindo, mas estava rápida demais para contar. Virei-me pra tentar correr, mas já era tarde, ela puxou-me pelos cabelos com força e prendeu meu corpo ao dela com o braço livre. Consegui cravar minha adaga em sua coxa, mas o aperto de Kara não se tornou mais fraco, pude sentir sua respiração quente em meu pescoço, no local que havia sido mordido por Armand, seu coração batia ritmado enquanto o meu se acelerava. Eu não conseguia pensar. Sabia que se ela começasse a sugar meu sangue não pararia, mas não conseguia fazer nada. O sangue quente que escorria da ferida que eu havia feito em sua perna manchava o chão e nossas vestes de tão profundo que tinha sido o corte, porem ela não parecia senti-lo.

-Solte-a. Imediatamente. -Disse uma voz masculina ao longe.
-Não se meta nisso. -Disse ela friamente.
-Não obrigue-me a dizer uma segunda vez. -Ouvi uma espada ser desembainhada. Kara respirou profundamente.
-Seu sangue está destinado a ser meu. -Disse ela e desapareceu na escuridão. Virei-me. E lá estava ele, mesmo de longe eu podia reconhecê-lo. A espada em punhos o olhar severo o porte físico, as madeixas loiras e os mesmos olhos verdes. Eu lembrava.
-Sanji-nii-san.

Sinto o silencio do vento, triste como um rouxinol que não pode cantar sua melodia.

terça-feira, 15 de junho de 2010

-Brincando com fogo-


-Nii-san. -Disse como uma criança.
-Desculpe? -Ele olhou-me em duvida.
-Desculpe! -Fiquei estatica.
-Lane? -Armand chamou-me, mas não consegui desviar os olhos do homem... Henri?! -Lane? Lane!
-Sim?! -Vire-me para Armand.
-O que está fazendo aqui?
-Eu estava te procurando.
-Ele quis dizer: O que esta fazendo escondida aqui?! -Disse Vladimir. Não me dei ao trabalho de responder e voltei a encarar o homem.
-Nós nos conhecemos? -Perguntei a ele.
-Não creio mademoiselle. Permita-me apresentar-me. Sou Henri Novaz. -Disse ele beijando minha mão. Continuei olhando-o sem conseguir lembrar de onde o conhecia.
-Lane Arashi. -Afastei-me indo na direção da estante, mesmo de costas percebi o olhar que Vladimir e Armand trocavam, Henri me aconpanhava com o olhar.

Observei mais uma vez a espada sobre a lareira.

Sentei-me ao lado de Kara no sofá. Todos menos ela me olharam. Kara riu sinicamente olhando o teto.
-Você não acha que deveria vestir algo mais adequado se pretende fazer parte desta reunião? -Disse ela, sinica como sempre. Olhei-me percebendo ainda estar de camisola, corei levemente.
-Com licença. -Disse e sai de lá.

Ao chegar no quarto fui direto ao banheiro onde vesti o sobretudo que havia deixado jogado por lá, olhei meu reflexo no espelho. Palida, cabelos loiros desgrenhados, olhos verdes brilhantes, porem sonolentos. Joguei agua no rosto e na nuca. A imagem de Henri não saia de minha cabeça.

Chegando lá o único que ainda se encontrava presente era Vladimir.
-Intrigante sua performance hoje. -Disse ele.
-Quem era aquele homem?
-Pensei que o tivesse ouvido apresentar-se. Seu nome é Henri Novaz, veio de uma família nobre do Sul da França, chegou a capital há alguns anos e desde então sua fortuna e poder só tem feito aumentar, mas seu interesse em controlar Paris é quase nulo, por isso não deve se preocupar com ele. Caso tenha esquecido sua missão...
-Falando nisso. Eu me demito. -Disse dando-lhe as costas. Ele riu.
-Não espera realmente que seja tão fácil abandonar a missão para que foi contratada não é? Caso não se lembre todos os gastos foram pagos por minha família e uma parte de seu pagamento já lhe foi entregue, sem falar que está ilegalmente na França, somente sobre a proteção de minha família, o que quer dizer que se faltar com o contrato será morta e antes que pense que Armand pode ajudá-la em algo lembre-se das clausulas do contrato que você assinou sem ler.
-Não acredito que está me subornando! -Disse quase partindo para o ataque, só me detive, pois ouvi Kara e Armand se aproximando no corredor.
-Não ouse faltar com sua palavra Lane. -Disse ele segurando em meu braço.
-Ou? -Disse mantendo meus olhos nele.
-Estamos interrompendo algo? -Pergunta Kara da porta. Ele baixou os olhos e me soltou.
-Não. -Disse. Ele riu e eu sai de lá mais uma vez.

Cheguei a janela a tempo de ver Henri entrando em um carro preto e sumir na noite.

-Por que esse interesse em Henri? -Pergunta Armand atrás de mim. Dei de ombros.
-Ele apenas me lembra alguém...
-Quem? -Disse abraçando-me pela cintura.
-Não sei, mas já o vi antes. -Ele começou a beijar meu pescoço.
-Esqueça-se dele. -Disse em um sussurro entre os beijos.

Suas mãos percorriam meu corpo lentamente, seguindo o ritmo de seus lábios, virei-me abraçando-o para que nossos lábios se encontrassem. Ele me levantou nos braços e fomos para o quarto, tirei seu paletó e comecei a desabotoar sua blusa, meu sobretudo ficara perdido em algum outro lugar. Der repente ele se afastou rápido ficando de costas pra mim.

-O que houve? -Perguntei.
-Eu... Vou acabar machucando-a.
-Não vai me machucar. -Levantei-me e lentamente fui até ele.
-Não! -Disse fazendo-me parar.
-Armand, eu confio em você, sei que não vai me machucar.
-Não entende. -Disse ele com um riso frenético negando com a cabeça encostado na parede.
-Entendo sim. Acha que pode perder o controle ficando perto de mim, acha que pode me machucar sem querer, mas não sabe o quanto sou forte, até mesmo para um vampiro. -Ri. -Deixe-me ficar com você. -Tentei toca-lo, mas ele se encolheu.
-Não se aproxime mais. Lane, eu não sei se consigo me controlar. É melhor sair.
-Não! Eu sei que não vai me machucar! Se quer fazer isso, se precisa disso, tome o meu sangue! É minha escolha! Eu não vou deixa-lo.

Virei-o e o puxei pra mim com força, abraçando-o. Ele inverteu as posições, me prendeu a parede mostrando os dentes, não demonstrei medo. Ele parecia cansado pela batalha interna que estava travando por mim, os olhos vermelhos fixos nos meus, as presas pontiagudas, as mãos fortes em meus ombros, o cabelo liso caindo nos olhos, os músculos contraídos por baixo da camisa meio aberta. Então disse algo que eu nunca pensei em dizer, algo que eu ainda não sabia como o afetaria:

-Morda-me. Se é isso o que quer. Sou sua. -Deixei meu pescoço a mostra e alguns segundos depois senti seus dentes pontiagudos perfurando uma de minhas veias, a sensação do sangue saindo de meu corpo era horrível, um arrepio me corria pela espinha. Aos poucos suas mão relaxaram em meus ombros e seguraram-me pela cintura enquanto eu o abraçava pelos ombros. Sorri. Agora estávamos unidos. Eu o conhecia totalmente. Meu Armand.

Quero beijá-lo, mas seus lábios contem o mais doce veneno.