domingo, 25 de julho de 2010

-One night-

Depois de dar um tapa no rosto de Vladi e acabar com aquela palhaçada fui pro meu quarto e ao deitar na cama não consegui tirar aquela cena da minha cabeça, ela ficava se repetindo. O jeito como ele abrio meu sobretudo sem que eu sequer notasse a acariciou meu corpo por cima da camisola, a pressão que seus lábios faziam nos meus, as sensações que seu corpo quente causavam no meu e o suspiro que ele conseguiu me arrancar. Ele era um idiota e eu mais ainda por tê-lo deixado me tocar desta forma. Duas vezes!Quando finalmente consegui dormir sua imagem me perseguiu nos sonhos...

"Eu estava com Armand em uma floresta, nós corríamos e brincávamos, como aqueles casais felizes em filmes, a única diferença é que estava bastante escuro e nevava, mas isso pouco importava para nós. Ele e eu nos beijávamos constantemente. Der repente ele segurou minhas mão e disse que eu teria que encontrá-lo, depois disso saiu correndo e desapareceu entre as árvores. Eu parti logo atrás dele, procurando-o e chamando-o. Vi um vulto entre as árvores e o segui pensando ser Armand, mas quando o vulto finalmente saiu das sombras, era Vladi. Ele aproximou-se e eu o beijei sorrindo, no meio de nosso beijo 'apaixonado' Armand aparece. Ele nos separa e os dois começam a brigar."


Acordei encharcada de suor. Isso nunca irá acontecer! Era madrugada e eu podia ouvir os lobos do lado de fora, mais uma vez vesti meu sobretudo e sai. Deixei o castelo e entrei na floresta indo na direção dos urros. Quando me aproximei vi uma enorme fogueira e eles estavam em volta, alguns na forma humana, rindo e bebendo, mas a maioria como lobos. Alguns pareciam adomercidos e outros "brincavam" de luta. Me distrai observando-os, até que o lobo branco notou minha presença e veio até mim seguido de um negro e outro marrom escuro.

-Oi. -Disse saindo de meu esconderijo. Ele pareceu estudar-me de cima a baixo, parecia estar querendo falar alguma coisa pra mim. -Eu não entendo língua de lobos. -Disse sinica, ele pareceu revirar os olhos e ficou na forma humana.
-O que faz aqui? -Perguntou.
-Só estava passeando, não consigo dormir. Algum problema se eu ficar?
-Não. Er... Vem. -Disse ele guiando-me para perto da fogueira, enquanto os lobos me observavam, ainda um pouco receosos.

Depois de algumas risadas perto da fogueira, Vladi chega acabando com a minha festa. Fui até ele.
-O que você faz aqui?! -Disse entre dentes, tentando fazer com que ele fosse embora.
-Você quer esquecer o que aconteceu?! Esquecemos. Pronto esquecido! Mas ainda temos um acordo, cujo qual você tem que cumprir. Só vim avisar que seu tempo está acabando. Dou-lhe uma semana para me trazer a cabeça de Armand. E não teste minha paciência, Lane. -Disse ele sumindo na escuridão. O que deu no Vladi?! Não acredito que ele veio até o meio da floresta com toda essa fúria pra me cobrar a cabeça de Armand. O que eu poderia fazer agora? Eu tenho que bolar um plano.

"O momento mais forte do amor, é quando sabemos que ele precisa morrer, mas não temos força para matá-lo."

quinta-feira, 22 de julho de 2010

-Pietro, o menino lobo-

Depois do banho tomado, a barriga cheia e as roupas limpas desci até a sala onde se encontravam Armand e os outros. Eles estavam sentados. Como sempre meu irmão estava com o rosto pensativo bebendo vinho junto Vladi e Armand encarava a noite pela janela fechada, este ao notar minha presença voltou-se pra mim sorrindo. Sorri de volta e me aproximei.
-Então. Iam me contar uma historia. -Disse e sentei-me no sofá. Armand encostou-se na parede e começou a contar.

"A muitos séculos atrás, quando os clãs ainda lutavam entre si para decidir com quem ficava o controle da França um grupo de lobos veio reivindicar sua terra, que correspondia ao que hoje é a propriedade de Sanji, então para evitar mais uma disputa os vampiros fizeram um trato com os lobos. Em troca de sua lealdade os vampiros defenderiam o território dos lobos e permitiriam que eles continuassem com sua cultura. É óbvio que os lobos não aceitariam tal trato tão facilmente, mas após ver a força dos vampiros em batalha eles perceberam que era melhor ter essa espécie como aliados e não inimigos. O acordo foi selado e os lobos passaram a respeitar os vampiros e puderam ficar com sua terra. Para evitar uma revolta um representante dos vampiros é nomeado de tempos em tempos para tomar conta da propriedade e dos lobos. E assim é desde que eu me lembro."

-Então os lobos são meio que subordinados dos vampiros desde o inicio da Nova Era. Certo? -Perguntei.
-É. -Respondeu Vladi antes que Armand pudesse se defender. Não respondi nada, apenas olhei para a noite do lado de fora. Estávamos no inicio do inverno, provavelmente logo começaria a nevar. Levantei-me.
-Se não se importam eu preciso dormir um pouco. -Disse despedindo-me de meu irmão e Armand com um beijo.
-E eu? -Perguntou Vladi. Apenas olhei pra ele, revirei os olhos e sai.

Eu estava cansada, mas não conseguia dormir. Fiquei me mexendo na cama constantemente, até que decidi levantar e ir beber alguma coisa. Vesti um sobretudo e desci as escadas. Já devia passar da meia noite, Amand e Vladi provavelmente haviam ido para suas casas e meu irmão estaria dormindo, ou em algum lugar. Fui até a cozinha, peguei um copo d'agua e da sala fiquei olhando a neve branca cair. Eu sabia que ia nevar. Dois braços fortes abraçaram-me pela cintura, sorri. Então Armand não tinha ido embora. Encostei minha cabeça em seu peito.

-Pensei que tivesse ido embora. -Disse baixinho.
-Queria ficar mais um pouco com você. -Sussurrou Vladi em meu ouvido. Vladi?! Virei-me depressa e joguei o resto da agua no rosto dele.
-Seu imbecil! -Disse me afastando, mas ele me segurou pelo pulso e me puxou pra ele. -Me solta!
-Não.
-Me solta agora! -disse tentando empurra-lo. -Vladi, me solta.
-Não. -Mais uma vez ele me beijou. e mais uma vez eu deixei. Seus braços me envolveram pela cintura mantendo nossos corpos colados e quando ele se afastou, meus braços envolveram seu pescoço puxando-o para mais um beijo.
"Mais um beijo pode ser a melhor coisa, porem também pode ser a pior escolha."

quarta-feira, 21 de julho de 2010

-Romance-

Enquanto nosso beijo se aprofundava, suas mãos que antes me prendiam, agora emaranhavam-se em meus cabelos, e por simples instinto as minhas também prendiam-se aos dele. Suas mãos começaram a deslizar por meu corpo afastando-me do chão e aprofundando o beijo. Eu não sabia o que estava fazendo, mas naquele momento não importava. Seu beijo me tirava o fôlego e eu sequer me importava. Só não queria perder o calor de seu corpo e o carinho de suas mãos, que ao tocar minha pele produziam pequenos arrepios. Era uma sensação deliciosa a de se sentir amada. Vladimir estava me preenchendo por completo. Foi então que notei algo errado. Eu estava rolando na grama com Vladimir e não era em uma luta. Aproveitei que estava por cima e me levante depressa ajeitando meu vestido.

-Juro que se me tocar de novo mato você! -Disse e fui andando furiosa e meio tonta em direção a floresta.
-Espera ai! O que aconteceu?! Pra onde você vai?! Espera! -Gritava ele ainda sentado no chão.
-Não me siga! -Gritei de volta e adentrei rapidamente a floresta, mesmo tendo passado pouco tempo desde o meio dia no meio da mata estava escuro o suficiente para eu quase tropeçar nas raizes.

"Merda! O que eu estava pensando?! Beijar o Vladimir?! Eu amo o Armand, não amo?! Então porque eu estava gostando tanto das caricias do Vladi? Como pude me deixar levar dessa forma?! Merda! Merda! Merda!"

Andei pela floresta por bastante tempo sem sequer perceber pra onde ia. Perdida em meus próprios pensamentos. Quando finalmente me dei conta do tempo, já estava no por do Sol e eu não sabia onde estava, por quanto tempo ou o quanto, a única coisa que eu sabia era que a minha volta só tinham árvores, sobre mim o céu estava passando do vermelho por-do-Sol para o azul escuro da noite e eu não via o castelo em lugar algum.

-Otimo. -Sentei-me em uma pedra lisa e passei as mãos por meu cabelo tirando algumas folhas que haviam ficado presas. Olhei para minhas mãos enquanto acariciava meu vestido. -Preciso dar um jeito de voltar antes que o Armand chegue e Vladimir fale alguma besteira. Isso. Sem provas ou testemunhas não há crime, certo? O Armand não pode saber o que houve entre mim e o Vladi, isso não vai voltar a acontecer e se o Vladi falar alguma coisa eu mato ele! Otimo está decidido! -Levantei-me de um pulo. -Só falta uma coisa... Pra onde eu vou?! -Fechei os olhos. Sou uma assassina, não uma criança. Só tenho que ouvir meus instintos e segui-los. Isso. Calma... Eu vou... Pela direita.

Segui pelo caminho que tinha escolhido. O tempo passava, eu andava e o castelo não aparecia. A Lua já estava alta no céu quando parei e encostei no tronco de uma árvore. Eu estava tão cansada e tão faminta... Enquanto eu me lamentava pela idiotice de ter me perdido na floresta ouvi um lobo. Era só o que faltava! Desencostei-me e continuei a andar, conforme eu andava os urros dos lobos aproximavam-se e isso já estava começando a me angustiar. Depois de um tempo comecei a me sentir observada. Eles chegaram e pareciam mais famintos que eu. Azar o deles, não era um bom dia, ou boa noite, pra me enfrentar.

-Venham peludinhos... Venham. -Disse baixo parando de caminhar. Eles me cercavam andando lentamente e eu me preparei para o primeiro ataque. O macho alfa veio atacar-me com seus dentes a mostra, era o maior lobo que eu já tenha visto, não que eu tenha visto muitos. Rapidamente puxei minha adaga e golpeei-o no lado, arremessando-o para uma árvore. Outros dois vieram e mais uma vez ataquei-os e consegui desviar de seu ataque. Dois deles vieram pelos lado e o lobo branco, o alfa, pela frente. Eu obviamente não conseguiria defender-me a tempo.
-Parem! -Instantaneamente os lobos pararam o ataque. Armand, Vladimir e Sanji saíram do meio das árvores. -Mais o que você pensa que está fazendo?! Comeu comida estragada foi?! Seu idiota! -Gritou Vladi pro lobo.
-Por que ele está discutindo com um lobo? -Perguntei sem entender nada.
-Viu agora ela acha que eu sou louco! Mostrem logo suas formas! -Os lobos não obedeceram, então Armand fez um sinal positivo com a cabeça e ali bem diante de meus olhos os lobos criaram, pernas, braços, polegares e tudo mais que tem direito. Todos ele vestiam uma calça preta meio surrada e grudada ao corpo. O líder deles tinha os cabelos loiro-dourado, muito brilhante e os olhos azuis mais parecidos com diamantes. Ele fez careta ao perceber que eu o olhava.

-De quem foi a ideia de mandar os lobos caça-la mesmo?! -Perguntou Sanji puxando-me pelo pulso.
-Culpado. -Disse Armand com um meio sorriso. -Mas em minha defesa. Era para eles rastrearem-na, não tentar matá-la. -Disse dirigindo um olhar zangado ao lider dos lobos.
-Tente ser mais especifico da próxima vez, vossa alteza. -Disse o líder dos lobos com desprezo. -Se não se importam, nós já vamos. -Disse ele sumindo com seus companheiros na floresta.
-Alguém pode me explicar isso? -Disse olhando para os homens a minha volta.
-No castelo. Depois que você se alimentar. -Disse Armand.
-E tomar um banho. -Completou Sanji. Revirei os olhos e segui-os. Mesmo abraçada com Armand, durante todo o percurso não consegui tirar os olhos de Vladi, ou apagar aquele beijo de minha memoria.
"Estou perdida entre o amor e o ódio. Já não consigo sequer diferenciar sentimentos. Poderei eu controlar o coração?"

-Uma nova historia-

Acordei mais ou menos as 10, ainda na casa de meu irmão. Minha cabeça doía por algum motivo. Levantei-me e vesti-me. Andei lentamente, memorizando cada pedaço da casa. Do lado de fora eu podia ver a floresta que cercava o castelo, de tão próxima que estava da propriedade, alguns galhos de árvores roçavam nas janelas. Finalmente cheguei a uma sala ampla onde estava Sanji e para minha surpresa, sentado no sofá estava Vladimir.

-O que faz aqui? -Disse indo em sua direção.
-Seu irmão pediu que eu viesse buscá-la.
-Onde ele está? -Vladimir não respondeu. Apenas deu um suspiro e pousando o copo que segurava, levantou-se.
-Não tenho o dia todo, então vamos.
-Não quero. Vou esperar meu irmão aparecer, ou Armand.
-Eles não vão chegar até o anoitecer. Então... Vamos! -Ele tentou segurar-me pelo braço,mas desvencilhei-me.
-Eu espero. -Disse sentando-me no sofá. Ele olhou-me e bufando saiu da sala. Depois de quase uma hora sentada lá, decidi sair.

-Já disse pra desmarcar! -Silencio. -Não eu não posso ir! Mande meu pai. Até! -Era Vladimir quem discutia ao telefone. Na falta de companhia melhor, ele serviria.
-Desmarcando seus compromissos por minha causa? Não sabia que eu era tão importante pra você. -Disse encostando-me na porta entreaberta e cruzando os braços.
-Está andando muito com a Kara, está tornando-se ironica. -Apenas sorri sinica.
-Por que exatamente vai ficar?
-Digamos que tenho uma divida com seu irmão e a maneira de eu pagar é ficando de olho em você.
-O que pode me acontecer dentro da casa dele?! Passei semanas em um clã de vampiros. Não é em algumas horas no castelo do meu irmão que vou acabar morta.
-Talvez. -Bufei e olhei pela janela. O vento ainda não havia parado. Foi ai que me ocorreu uma ideia pra irritar Vladi.
-E além do mais como você poderia me defender? Nunca o vi lutar, pelo menos não pra valer. -Ele sorriu.
-Então talvez eu deva mostrar-lhe. Vamos? -Disse ele mostrando a porta. Sorri e passei por ele indo até o pátio deserto.

Quando notei que ele havia saído da casa parti para atacá-lo sem avisar. Ele defendeu todas as minhas investidas.
-Minha vez. -Disse ele vindo atacar-me, desviei e tentei um contra ataque, mas ele já esperava por isso. -Te peguei. -Disse sorrindo quando me pegou pela cintura e girando prendeu-me ao chão ficando por cima de mim.
-De que está rindo?! -Disse irritada tentando soltar-me pra sair dali.
-Nada. E assim está tão bom. Pare de tentar soltar-se. -Parei e olhei-o.
-O que está fazendo?
-Como se não soubesse. -Respondeu em um sussurro e beijou-me ternamente.

“Anjo cintilante, eu acreditei que você era meu salvador quando eu mais precisava”

quinta-feira, 1 de julho de 2010

-Em pratos Limpos-

Depois de um longo suspiro ele olhou-me oferecendo uma cadeira:

-Já está na hora de dizer-lhe a verdade, não é?
-Sim. Por favor. -Ele sorriu levemente e pousou seu olhar novamente sobre a Lua. Contou sua historia desde o inicio e eu ouvi atenta todo o desenrolar da ladainha, desde todo sua insatisfação com nosso estilo de vida até a última de suas recusas a proposta profana do homem de capa negra. Porem depois disso seu olhar pareceu mais distante, como se ele estivesse revivendo cada momento doloroso daquele fatídico dia.

- Era bem cedo quando sai para treinar aquela manhã. Alonguei-me como de costume e quando ia começar ela apareceu, linda como uma miragem, pele branca em couro negro. Ela olhou-me de cima a baixo e sorriu um tanto sinica. "Prepare-se" disse ela. "Para que devo preparar-me?" Perguntei meio tonto. Ela apenas continuou sorrindo quando atacou-me, não consegui conter seu ataque e parei caído no chão, com sua adaga em meu pescoço. "Achei que um jovem tão nobre ofereceria um desafio maior. Será que me enganei, Arashi?" Disse debruçando-se completamente sobre mim. "Posso fazer bem melhor que isso." Respondi girando e tentando prende-la em vão. Nossa luta mais parecia uma brincadeira, corríamos um atrás do outro e derrubavamo-nos no chão, assim permanecemos até que meu pai apareceu. "O que significa isso?!" Berrou ao nos ver. Sorri "Pai, essa é... Qual seu nome mesmo?" Disse ainda rindo, porem a postura dela tinha mudado. "Não se atreva a chegar perto dele! Conheço bem esta bruxa! Saia daqui. Agora." Disse ele sacando a espada. Pus-me a sua frente, também empunhando minha espada "Como ousa?!"Esbravejou. "Deixe. Vou ficar bem." Disse ela retirando-se. "Como ousa estar as voltas com alguém como essa bruxa, e ainda por cima defendê-la contra seu próprio pai?!"Disse ele atónito. "Ela é só uma garota e vou defende-la!" Respondi. Ele acertou-me na face. "Nunca mais ouse defende-la!". Olhei-o sinico e cuspi no chão. "Ou?!". Ele segurou-me pela gola da camisa e jogou-me numa árvore prendendo-me na mesma logo após. "Ou darei-lhe uma lição que nunca esquecerá!" Dito isso ele saiu.
Fui procurá-la depois disto. Quando a encontrei já era quase fim do dia, desculpei-me pelo meu pai e conversamos. Com ela consegui me abrir. Falei sobre todas as minhas frustrações, todos os problemas, não escondi nada, mas no final foi ela quem me surpreendeu. Lembro de suas palavras como se estas estivessem sendo sussurradas em meus ouvidos. "Quando sinto-me assim, queixo-me a Lua, ela sempre foi minha conselheira fiel. Tão distante e brilhante. Sempre em paz consigo mesma, a Lua nunca parece ter problemas, e guarda segredos como ninguém. Muitos se confessam a ela esperando uma resposta que nunca vem, e esse é o maior erro. A Lua é uma ouvinte, seus conselhos são os sussurros silenciosos do vento. E além do mais, mesmo que você não diga a ela. Ela sabe de todos os seus segredos sujos. Ela foi a testemunha todas a vezes que manchei de vermelho as ruas ao luar. Ela chorou quanto fiz poças de sangue nas ruas e ela iluminou meu caminho de volta. Mate sob a Lua e deixe que ela guie-o de volta pra mim." Depois disto as palavras não eram mais necessárias, em silencio me confessei ao luar. Ao voltar pra casa, parei na colina, observei a Lua e chamei-o. Finalmente aceitaria a proposta de Soujirou Takamoyo. Depois disso três meses se passaram, eu e Kara treinávamos na floresta e ao anoitecer Takamoyo vinha instruir-me, afastei-me cada vez mais da família, minhas discussões com meu pai eram cada vez mais frequentes e as conversas com a mãe quase escassas, até que chegou o dia. Não duvidei por um minuto sequer, naquela noite entreguei-me completamente ao luar. Eu não era mais eu, era apenas um assassino. Eu era a morte em forma humana. Matei-os sem sequer falar, sem pensar, sem ver. Apenas manejei a espada e fui embora deixando a casa arder.
Era essa a historia que almejava ouvir, Lane? -Olhei-o, meus olhos nublados por lágrimas que me negava a deixar escapar.

-Kara e Takamoyo. E você. Principalmente você. Vocês foram os responsáveis pela morte de nossos pais! Você! Como pôde?! Eram a sua família também.
-Não! Eles eram a sua família! Nunca foram família pra mim! Kara e Takamoyo foram meus protetores!
-A é?! E onde eles estavam depois que você matou nossos pais?! Takamoyo mando-o para a França isolado e sozinho nesta floresta enquanto dominava o Japão e jogava comigo como seu eu fosse uma peça de xadrez! E Kara! Quem diabos sabe onde ela andou por todo esse tempo! -Gritei levantando-me. Ele também levantou-se.
-Você não consegue entender não é? Minha intenção não foi destruir sua vida, não era nem para ter ficado viva, mas se alguém se salvou estou contente que tenha sido você. Takamoyo cuidou de você e de mim. Ele foi mais pai do que Shirio Arashi poderia um dia ter sonhado em ser.
-Como consegue viver sabendo que matou sua própria família?
-Como consegue viver sabendo que dizimou muitas outras famílias?-Sentei-me estática. Ele estava certo. Nunca senti remorso e nem poderia, não os conhecia, não eram nada pra mim. Nossa família era a mesma coisa pra ele. Desconhecidos, não, pior, Eram um estorvo.
"Sem remorso porque eu ainda me lembro, do sorriso quando você me rasgou em pedaços”

segunda-feira, 28 de junho de 2010

-Reunião de familia-

Não consegui pegar no sono aquela noite, precisava saber o que havia acontecido na verdade. Sentei-me na sacada e olhando o céu nublado da meia noite lembrei do incêndio e do pós-incêndio. O enterro, 4 tumbas: Victoria Arashi, amada mãe. Shirio Arashi, dedicado pai. Myuki Arashi, doce filha e irmã. Sanji Arashi, querido irmão e filho.

Depois daquele dia eu andei nas ruas sozinha, desamparada. Eu só tinha a roupa do corpo e naquela noite ele apareceu. O homem com a capa negra e o rosto encoberto pelas sombras, e me estendeu a mão, alimentou-me, vestiu-me, treinou-me. Ele vez o fogo da vingança arder em meu peito, motivou-me a me tornar cada vez mais forte para um dia vencer aquele que tanto me fez sofrer. Ele me ensinou a continuar, mesmo sem nunca ter me dado uma palavra de afeto ele me "empregou". Soujirou Takamoyo.

Fiquei por muito tempo olhando a lua, até que me decidi a tomar uma atitude. Eu não era mais uma criança desamparada e muito menos uma garota melancólica. Eu sou Lane Arashi a assassina de sangue frio. Eu dizimei clãs, matei mulheres e crianças sem remorso e mantenho minha cabeça erguida. Chegou a hora de enfrentar o passado e o futuro ao invés de olhar pra trás. Chega de flash back agora vou trilhar o futuro.

Coloquei o sobretudo, armei-me e pulando a janela corri pra a noite de Paris. Cheguei a porta dos Teodore.
-Não preciso ser anunciada. -Declarei ao entrar onde Vladimir jantava com alguns "amigos". Ele olhou-me.
-Dêem-nos licença por favor. -Disse aos homens que logo saíram. Depois disso ele limpou os lábios com o guardanapo e fazendo um gesto para que me senta-se ofereceu-me um prato. Recusei.
-Não vim fazer-lhe companhia no jantar. Quero saber o quanto você já conhecia desta historia.
-Perdão? -Bati na mesa debrucei-me para mais perto dele.
-Não tente fazer-me de idiota. Desde quando você sabe de minha relação com... "Henri"?
-Refere-se ao fato de serem irmãos?
-O quanto sabe? -Disse entre dentes. Ele sorriu sinico.

-Há dez anos atrás aconteceu uma chacina no Japão. Só poderia haver um sobrevivente. Um grande clã Frances uniu-se com um Japones, ambos só tinham em mente o poder que a morte dessa família lhes proporcionaria. O patriarca de tal família, mesmo fazendo segredo de seu titulo era membro da família imperial japonesa e um dos maiores espadachins da Ásia oriental, talvez até da Europa, sua esposa não era apenas quem dizia ser, ela era na verdade herdeira da família real da França e poderia reclamar seu trono. Seus filhos poderiam comandar facilmente a nova Era, desde que fossem treinados para isso e por esse motivo eram um obstáculo. O resultado foi um pacto, que deu origem a chacina mascarada por um incêndio. Porem algo deu terrivelmente errado e não foi apenas uma pessoa que escapou. As vitimas daquela noite morreram em vão, pois nenhum dos clãs envolvidos no golpe ganhou o que desejava.- Não disse nada, precisava primeiro por meus pensamentos em ordem.
-Dê-me o endereço. -Disse. Ele sabia pelo que eu anceava e me entregou o endereço de Sanji. Segurei com força o papel e levantei-me.
-Lane. -Virei-me para ele. -É apenas um conselho, não precisa segui-lo, mas, as vezes, as coisas que estão esquecidas no passado devem continuar lá.
-Desculpe Vladimir, mas pra mim essas memorias são tão reais quanto eu e você. -Disse saindo logo após.

Corri mais uma vez, desta vez ouviria a historia da boca dele. Sanji teria de me dizer a verdade. Cheguei ao local indicado. Era uma espécie de castelo medieval escondido no centro de uma floresta. Pulei o portão de ferro e atravessei o jardim seco até a porta principal, uma coruja piava ao longe. Uma grande aldrava de ouro maciço foi a única campainha que pude encontrar então toquei-a. Logo um homem alto com cara de morte abriu a porta para mim.

-Em que posso ajudar?
-Sou Lane Arashi. Seu patrão sabe o motivo de minha visita.
-Queira desculpar, mas devido ao adiantado da hora o patrão já não se encontra disponível. -Disse ele tentando fechar a porta.
-Serei rápida. Apenas diga o meu nome e verá que ele deseja conversar comigo. -Disse. O homem resistiu, então suspirando empurrei a pesada porta com força abrindo-a de forma a poder me infiltrar no castelo. Agora eu só teria de encontra-lo.
-Quem está ai Orlando?
-Desculpe senhor. Esta moça forçou passagem, porem já irei mostrar-lhe a saída. -Disse ele fechando sua mão grande em meu braço.
-Ora, solte-me! -Ele apareceu sob a luz quase escassa e ao ver meu rosto ficou um pouco perplexo.
-Pode soltá-la. Siga-me Lane. -Disse ele. Segui-o alem das escadas para o seu aposento. -Desculpe a deselegância das vestes, porem a hora não é muito oportuna. -Disse coçando os olhos ao sentar-se em uma cadeira próximo a janela.
-Não me interesso por suas vestes, Nii-san. -Disse. -Apenas quero ouvir toda a verdade de seus lábios. Diga-me por favor o que aconteceu. -Ele olhou a Lua suspirando e ali permaneceu por algum tempo.

"Agora não há como fugir, piedade nunca mais..."

domingo, 27 de junho de 2010

-Sanji Arashi-

Sanji's Diarie _ September, 13, 2030.

Hoje ele veio mais uma vez repetir a proposta enquanto eu treinava no campo. "Mate-os e lhe darei o mundo", disse ele. Louco. Como poderia aceitar matar minha própria família? Na primeira vez em que ele fez esta proposta achei que era louco e não lhe levei a serio. Porem ele voltou a aparecer. Disse a mim mesmo que o mataria se ele voltasse a fazer tal proposta, mas nunca o fiz. Sua simples presença me intrigava. Mesmo nunca tendo observado-o lutar podia sentir o poder que emanava de seu corpo. Suas vestes e cabelos longos e negros, a face sempre envolta em sombras e mistério, mesmo durante o dia, me passavam a ideia de algo maior do que o imaginável.

Mais uma vez voltei para casa com meu pai sem nada mencionar, na realidade ele não era um homem de muitas palavras, se importava apenas com a "segurança" família, treinava-me para que eu me tornasse um guerreiro excepcional e pudesse proteger minha mãe e irmãs quando ele se fosse. Essa era sua única preocupação.

Chegando a casa minha mãe estava sentada na grama com seu longo vestido, como sempre um sorriso enchia sua face, Myuki estava rindo em seu colo enquanto Lane dançava rindo de si mesma. Assim que me avistou subindo a colina ao lado de nosso pai ela correu até ele como sempre e atirou-se em seus braços tagarelando sobre a flor que havia encontrado. Meu pai sorriu e elogiou-a pelo achado indo até Myu e minha mãe logo após. Lane veio até mim. Seus olhos verdes brilhavam e o sorriso enchia sua face rosada. "Sanji! Como foi o treino?!", sorri, e respondi qualquer bobagem e ela me deu um soco por não prestar atenção. Peguei-a no colo e rolamos no chão fingindo lutar. No fim venci-a como sempre e ela saiu batendo o pé e prometendo que um dia me venceria. Ri.

Um vento frio passou e olhei as montanhas, lá estava ele. O homem que sempre aparecia pra mim, encarei-o, mas Lane chamou minha atenção e quando tornei a olhar ele não estava mais lá. Talvez fora apenas mais uma peça da imaginação. Voltei para casa. Mais cenas cotidianas da família.

Meu pai na cabeceira da mesa eu a sua esquerda, minha mãe a direita, Lane a meu lado e Myu ao lado de minha mãe, ela toca de leve no crucifixo que leva sempre no peito em uma prece silenciosa. Nunca entendi o motivo destas preces e acho que ela também não, mas era algo a que minha mãe se apegara, a fé, para ela ainda podia existir um Deus para livrar esse mundo perdido. A peste já havia contaminado toda a Europa, os vampiros e os mais poderosos clãs guardavam a cura, submissão total era sua exigência, muitos já haviam se rendido. Onde estava esse Deus enquanto o seu povo morria ou se submetia perante os mais fortes? Simplesmente me negava a acreditar que tal entidade realmente existia.

Há 19 anos atrás minha mãe era uma jovem cristã na França, meu pai era um militar que lutava pelo Japão, embora seu pai houvesse sido Francês, eles se conheceram em um ataque ao presidente no poder que discursava frente a torre eiffel. Meu pai percebeu um vampiro indo na direção de mamãe e salvou-a. Eles conheceram-se melhor a partir dali e um ano depois, quando ela descobriu que estava gravida, fugiram para o Japão já que os vampiros haviam realmente tomado o controle total do poder. O presidente não mais passava de um fantoche.Nasci em dezembro de 2012, 11 anos depois nasceu Lane e depois Myu. Vivemos bem desde de então.

November, 2030

Não sei o que deu em mim. Aceitei a proposta. Agora é tarde demais para voltar atrás. Ele virá cobrar a divida.

January, 2031

Estão todos mortos. Matei-os com minhas próprias mãos. Vou para a França onde meu mestre me espera. Ele já não é mais a presença desconhecia que outrora me enchia de indagações, agora é tão real quanto qualquer um que já conheci. Ele me guiará. Tudo ficou pra trás. Agora sou Henri Novaz, um rico aristocrata do Sul da França que veio tentar fortuna na capital.

"Quando se tem o mundo nas mãos até os desejos mais obscuros tornam-se sensatos."

sábado, 26 de junho de 2010

-Call me Superman-

Quando enfim tomei coragem para ir até eles encontrei-os conversando na sala de estar. Kara estava entre eles. Parei na porta encarando seu sorriso sinico para mim, percebi que o ferimento que eu havia feito em sua perna já não mais existia. Desviei meu olhar para Sanji num pedido mudo para ficarmos sozinhos, ele entendeu.

-Monsieur, mademoiselle  Lafayete, poderiam nos deixar a sós por um momento. -Armand levantou, porem Kara continuou sentada por um tempo. Ela saiu logo atrás de Armand e eu fui até Sanji.
-Mau posso acreditar que está vivo! -Exclamei.
-Mademoiselle, desculpe-me ter de dizer-lhe isso, mas está enganada. Não sou quem pensa que sou. -Neguei com a cabeça.
-Não estou enganada, Sanji! Eu posso reconhecer meu próprio irmão, mesmo depois de dez anos. -Disse. Ele levantou-se olhando-me interrogativo e depois virou de costa indo atiçar o fogo. -Como escapou do fogo? E do assassino? O que houve com você? A tanto de quero saber...
-Mademoiselle...
-Pare de me chamar assim!
-Lane. Já disse que não sou quem pensa que sou.
-Sei quem você é. Só não sei como está vivo. -Aproximei-me dele. -Olhe em meus olhos Sanji. Olhe em meus olhos e diga que estou enganada.

Olhamo-nos por um tem por indeterminado, até que ele abaixou o olhar.

-Sinto muito, Lane. Queria poder dizer-lhe que sou eu. Queria poder responder a todos as suas perguntas, mais não posso. Eu... Fui fraco naquela época e mesmo agora não sou forte o suficiente. Sinto muito por tudo o que lhe fiz passar e sinto muito pelo que ainda virá, mas não posso parar agora. Me desculpe. -Dito isso ele saiu rapidamente sem dar maiores explicações. Fiquei ali perplexa. O que ele quis dizer com tudo aquilo? Eu ainda não tinha minhas respostas, mas com certeza as conseguiria. Sim, eu tinha meu irmão de volta.

"Os horizontes estendensse aos nosso pés. Tudo é possível e transmutável. Por você vou além."

sexta-feira, 25 de junho de 2010

-Fantasmas do passado-

Ele guardou a espada e veio andando em minha direção, quanto mais ele se aproximava, mais eu tinha certeza de quem ele era. O cabelo loiro liso, os olhos verdes iguais aos do papai, o corpo forte, o rosto serio típico de Sanji. Era ele. Sem duvida era meu irmão, mas como? Como ele escapou?

-Lane, você está bem? -Perguntou oferecendo-me um lenço. Debilmente toquei seu rosto ou invés de pegar o lenço, uma lágrima irritante escapou. -O que houve? Há algo errado, Lane?
-Talvez pela primeira vez na minha vida não há nada errado. -Abracei-o. -Sei quem você é. -Ele ficou rígido sob meu abraço.
-Como assim? Eu sou Henri Novaz nasci em Toulouse no Sul. Nos conhecemos ontem... -Separei-me dele e o interrompi.
-Não. Você é meu irmão Sanji Arashi. Eu achei que tivesse morrido no incêndio a 10 anos.
-Não sei do que está falando. Você realmente não está bem mademoisselle. -Ele me segurou pelo pulso e guiou-me até a casa. Quando entramos Armand vinha descendo as escadas.
-Lane! Eu encontrei com Kara, você está bem? -Disse vindo rápido em nossa direção. Afirmei com a cabeça e voltei a olhar Sanji.
-É melhor deitar-se my lady. -Ele e Armand trocaram um olhar quando me neguei a subir. Então Armand o fez virar-me pra ele.
-Lane. Você está cansada e Kara deve ter brincando com seus sentidos. Realmente é melhor tentar dormir um pouco. Vou subir logo após terminar de tratar um assunto com Henri.
-Tudo bem. -Disse ainda um pouco relutante. E mais uma vez voltei-me para Sanji. -Amanhã conversaremos.
-Tão pronto o Sol se por estarei em vossa presença. -Concordei com a cabeça e subi as escadas lentamente.
-Bonsoir. -Disse já de costas, mas não fiquei tempo suficiente para ouvir uma resposta.

Corri até o quarto e peguei dentro do armário a caixa onde havia guardado a foto de minha família. Sem duvidas era Sanji. Como ele escapará era um mistério, mas ele estava ali. Cai de joelhos não conseguindo conter as lágrimas.

"Palavras que iludem, atitudes que machucam, você finge ser algo que eu não posso ter,
que não posso aceitar."

quinta-feira, 17 de junho de 2010

-Rival-

Acordei ao por-do-Sol, me sentia fraca e um pouco tonta, toquei o pescoço e senti o local onde Armand mordera, dois furinhos doloridos. Levantei-me e jogando o cabelo pro lado observei-os no espelho, dois pontos negros e vermelho em volta.

-Desculpe. Deve alimentar-se, logo se sentirá melhor. -Disse Armand que estava encostado a porta do banheiro, os cabelos molhados indicavam que acabara de sair do banho, porem já estava totalmente vestido. Aproximei-me dele e sem dizer nada o beijei. Quando o liberte de meu beijo ele respirou fundo e tornou a falar. -Eu realmente sinto muito, não queria machucá-la e não vai tornar a acontecer. -Neguei com a cabeça.
-Será que não entende? Você não me machucou. Fez o que eu queria.
-Dois furos no pescoço e uma dor de cabeça terrível?
-Não. Me deixou vê-lo como é, sem esconder-se, sem negar-se. Você é um vampiro, não vou negar isso e você também não pode negar. Meu sangue agora corre por você como prova de meu amor e como prova do seu quero que nenhum outro sangue humano o alimente sem ser o meu. -Disse firme. Ele pareceu desconsertado e indeciso, mas aceitou e beijou-me.

23.58 horário de Paris

Estava sentada sozinha do lado de fora da mansão observando o jardim escuro, o inverno se aproximava e o frio congelava até os ossos, a vista era parcialmente encoberta devido a neblina. Kara sentou-se a meu lado.

-Sei no que está pensando.
-Não sabia que alem de vampira também era telepata. -Disse ríspida.
-Não é necessário ser nenhum genio para saber que está pensando em se dará certo entre você e o Armand. Já aviso, no final um morre pelas mãos do outro...
-Agora também virou vidente?! -Interrompi-a levantando-me, sem eu sequer perceber ela me segurou pelo pescoço tirando meus pés do chão, seus olhos vermelhos me fitavam com fúria.
-Saiba que se for meu irmão a morrer eu mesma mandarei-a para debaixo da terra. -Ela me pôs no chão e virando-me de costas pra ela falou em meu ouvido. -O prazer de matar Armand é única e exclusivamente meu. -Disse. Virei-me rápido e por pouco não consigo esfaqueá-la com uma de minhas adagas. Ela riu.
-Não vou matá-lo. E também não deixarei que o faça. -Tentei aparentar uma calma que eu não tinha. Ela me atacou, certeira como uma cobra dando o bote acertou meu estômago mandando para o chão ao longe, porem não cai, apoiei uma das mãos no chão e lancei o corpo para trás ficando em posição de defesa.
-É uma tola se pensa que pode haver um final menos sangrento. Vocês dois são apenas mais um conto de Romeu e Julieta. -Ela veio de novo e desta vez consegui ver sua movimentação, me concentrei em sua postura e contei os passos.

1,2,3,4. DIREITA!

Desviei, mas ela conseguiu cortar minha bochecha, formando um fino corte, uma gota carmim escorreu por meu rosto e ela acompanhou-a cair. Consegui vê-la vindo, mas estava rápida demais para contar. Virei-me pra tentar correr, mas já era tarde, ela puxou-me pelos cabelos com força e prendeu meu corpo ao dela com o braço livre. Consegui cravar minha adaga em sua coxa, mas o aperto de Kara não se tornou mais fraco, pude sentir sua respiração quente em meu pescoço, no local que havia sido mordido por Armand, seu coração batia ritmado enquanto o meu se acelerava. Eu não conseguia pensar. Sabia que se ela começasse a sugar meu sangue não pararia, mas não conseguia fazer nada. O sangue quente que escorria da ferida que eu havia feito em sua perna manchava o chão e nossas vestes de tão profundo que tinha sido o corte, porem ela não parecia senti-lo.

-Solte-a. Imediatamente. -Disse uma voz masculina ao longe.
-Não se meta nisso. -Disse ela friamente.
-Não obrigue-me a dizer uma segunda vez. -Ouvi uma espada ser desembainhada. Kara respirou profundamente.
-Seu sangue está destinado a ser meu. -Disse ela e desapareceu na escuridão. Virei-me. E lá estava ele, mesmo de longe eu podia reconhecê-lo. A espada em punhos o olhar severo o porte físico, as madeixas loiras e os mesmos olhos verdes. Eu lembrava.
-Sanji-nii-san.

Sinto o silencio do vento, triste como um rouxinol que não pode cantar sua melodia.

terça-feira, 15 de junho de 2010

-Brincando com fogo-


-Nii-san. -Disse como uma criança.
-Desculpe? -Ele olhou-me em duvida.
-Desculpe! -Fiquei estatica.
-Lane? -Armand chamou-me, mas não consegui desviar os olhos do homem... Henri?! -Lane? Lane!
-Sim?! -Vire-me para Armand.
-O que está fazendo aqui?
-Eu estava te procurando.
-Ele quis dizer: O que esta fazendo escondida aqui?! -Disse Vladimir. Não me dei ao trabalho de responder e voltei a encarar o homem.
-Nós nos conhecemos? -Perguntei a ele.
-Não creio mademoiselle. Permita-me apresentar-me. Sou Henri Novaz. -Disse ele beijando minha mão. Continuei olhando-o sem conseguir lembrar de onde o conhecia.
-Lane Arashi. -Afastei-me indo na direção da estante, mesmo de costas percebi o olhar que Vladimir e Armand trocavam, Henri me aconpanhava com o olhar.

Observei mais uma vez a espada sobre a lareira.

Sentei-me ao lado de Kara no sofá. Todos menos ela me olharam. Kara riu sinicamente olhando o teto.
-Você não acha que deveria vestir algo mais adequado se pretende fazer parte desta reunião? -Disse ela, sinica como sempre. Olhei-me percebendo ainda estar de camisola, corei levemente.
-Com licença. -Disse e sai de lá.

Ao chegar no quarto fui direto ao banheiro onde vesti o sobretudo que havia deixado jogado por lá, olhei meu reflexo no espelho. Palida, cabelos loiros desgrenhados, olhos verdes brilhantes, porem sonolentos. Joguei agua no rosto e na nuca. A imagem de Henri não saia de minha cabeça.

Chegando lá o único que ainda se encontrava presente era Vladimir.
-Intrigante sua performance hoje. -Disse ele.
-Quem era aquele homem?
-Pensei que o tivesse ouvido apresentar-se. Seu nome é Henri Novaz, veio de uma família nobre do Sul da França, chegou a capital há alguns anos e desde então sua fortuna e poder só tem feito aumentar, mas seu interesse em controlar Paris é quase nulo, por isso não deve se preocupar com ele. Caso tenha esquecido sua missão...
-Falando nisso. Eu me demito. -Disse dando-lhe as costas. Ele riu.
-Não espera realmente que seja tão fácil abandonar a missão para que foi contratada não é? Caso não se lembre todos os gastos foram pagos por minha família e uma parte de seu pagamento já lhe foi entregue, sem falar que está ilegalmente na França, somente sobre a proteção de minha família, o que quer dizer que se faltar com o contrato será morta e antes que pense que Armand pode ajudá-la em algo lembre-se das clausulas do contrato que você assinou sem ler.
-Não acredito que está me subornando! -Disse quase partindo para o ataque, só me detive, pois ouvi Kara e Armand se aproximando no corredor.
-Não ouse faltar com sua palavra Lane. -Disse ele segurando em meu braço.
-Ou? -Disse mantendo meus olhos nele.
-Estamos interrompendo algo? -Pergunta Kara da porta. Ele baixou os olhos e me soltou.
-Não. -Disse. Ele riu e eu sai de lá mais uma vez.

Cheguei a janela a tempo de ver Henri entrando em um carro preto e sumir na noite.

-Por que esse interesse em Henri? -Pergunta Armand atrás de mim. Dei de ombros.
-Ele apenas me lembra alguém...
-Quem? -Disse abraçando-me pela cintura.
-Não sei, mas já o vi antes. -Ele começou a beijar meu pescoço.
-Esqueça-se dele. -Disse em um sussurro entre os beijos.

Suas mãos percorriam meu corpo lentamente, seguindo o ritmo de seus lábios, virei-me abraçando-o para que nossos lábios se encontrassem. Ele me levantou nos braços e fomos para o quarto, tirei seu paletó e comecei a desabotoar sua blusa, meu sobretudo ficara perdido em algum outro lugar. Der repente ele se afastou rápido ficando de costas pra mim.

-O que houve? -Perguntei.
-Eu... Vou acabar machucando-a.
-Não vai me machucar. -Levantei-me e lentamente fui até ele.
-Não! -Disse fazendo-me parar.
-Armand, eu confio em você, sei que não vai me machucar.
-Não entende. -Disse ele com um riso frenético negando com a cabeça encostado na parede.
-Entendo sim. Acha que pode perder o controle ficando perto de mim, acha que pode me machucar sem querer, mas não sabe o quanto sou forte, até mesmo para um vampiro. -Ri. -Deixe-me ficar com você. -Tentei toca-lo, mas ele se encolheu.
-Não se aproxime mais. Lane, eu não sei se consigo me controlar. É melhor sair.
-Não! Eu sei que não vai me machucar! Se quer fazer isso, se precisa disso, tome o meu sangue! É minha escolha! Eu não vou deixa-lo.

Virei-o e o puxei pra mim com força, abraçando-o. Ele inverteu as posições, me prendeu a parede mostrando os dentes, não demonstrei medo. Ele parecia cansado pela batalha interna que estava travando por mim, os olhos vermelhos fixos nos meus, as presas pontiagudas, as mãos fortes em meus ombros, o cabelo liso caindo nos olhos, os músculos contraídos por baixo da camisa meio aberta. Então disse algo que eu nunca pensei em dizer, algo que eu ainda não sabia como o afetaria:

-Morda-me. Se é isso o que quer. Sou sua. -Deixei meu pescoço a mostra e alguns segundos depois senti seus dentes pontiagudos perfurando uma de minhas veias, a sensação do sangue saindo de meu corpo era horrível, um arrepio me corria pela espinha. Aos poucos suas mão relaxaram em meus ombros e seguraram-me pela cintura enquanto eu o abraçava pelos ombros. Sorri. Agora estávamos unidos. Eu o conhecia totalmente. Meu Armand.

Quero beijá-lo, mas seus lábios contem o mais doce veneno.

sábado, 29 de maio de 2010

-Segredos-

-Espere está bem? -Disse ele. -Eu preciso de um tempo. -Não respondi, afinal, ele saiu sem esperar uma resposta.
Vesti um dos casacos no armário e calcei uma sandália qualquer, me arrependi de não ter trago uma ou duas adagas assim que comecei a andar pelos corredores escuros. Sentia olhos em mim enquanto caminhava, ficava em alerta a qualquer menor movimento nas sombras. Droga! Quem seria tão estúpido pra andar desarmado num território de vampiros a noite?! Vi uma sala iluminada. Eu me lembrava dela. Entrei.

Aquela era a sala de espera onde eu havia esperado por Armand na primeira vez que vim ao clã. A espada Samurai continuava sobre a lareira. O meu instinto e minha curiosidade me guiavam a espada, como se esta me chamasse. Caminhei até ela como que enfeitiçada. Estava prestes a tira-la da parede para desembainhá-la quando ouvi passos no corredor. Escondi-me no vão entre no pequeno vão entre a parede e a estante, tive que ficar agachada por o vão ser pequeno, mas pelo menos assim eu não seria descoberta.

Três homens entraram na sala, todos de ternos negros e sapatos engraxados, apenas um tinha os sapatos completamente limpos, os outros tinham passado pela terra molhada no jardim, eles sentaram-se.

-Então Armand. Por que exatamente estamos aqui? -Perguntou a voz que reconheci como a de Vladimir.
-Sabe porque os chamei Vladimir. O que pretendia quando a trouxe?
-Eu? Nada meu caro, apenas negócios, digamos assim.
-Espero que seus negócios não envolvam destruir este clã, pois se for isso não tenha esperanças.
-Seu clã não é tão estável e você sabe disso, Armand. Então sugiro que não me tente.
-Parem vocês dois. -Disse o terceiro homem. Eu sabia que conhecia esta voz, só não sabia de onde. - Quem a trouxe e porque não é importante. O que importa é que ela vai fazer apenas o que quiser e não o que esperamos que ela faça. É apenas isso. Ela esta de volta e isso é um risco a todos.
-Ora, ora. Se não são os três patetas?!  -Kara.
-É uma reunião privada, Kara.
-Não seja inconveniente maninho. Tenho tanto direito de estar aqui quanto você. -Disse andando em minha direção, fazendo com que me encolhesse mais. Silencio. O clima na sala parecia estar tenso e pela posição dos sapatos notei que Kara e Armand se encaravam, ou seja, uma briga estouraria a qualquer momento.
-Já chega disso. Quero saber o motivo real de eu ter sido tirado da cama a está hora! -Disse o homem que não reconhecia pondo-se de pé.
-Acalme-se Henri. Não pretendo manchar a tapeçaria com o sangue de meu irmãozinho. -Disse Kara afastando-se.
-My lady. Não quero ser rude, mas não pretendo passar minha noite discutindo qual dos três terá este clã, até porque isto de nada me interessa.
-Se interessará meu caro. Se interessará. -Disse Kara aproximando-se ainda mais dele.
-E poderia me dizer o por quê? -Ela agora estava quase grudada nele.
-Porque temos uma nova hospede no clã... -Disse ela insinuante. Mexi-me para tentar ver e ouvir melhor, porem acabei balançando a estante. O movimento não foi despercebido por nenhum dos três.
-Diga-me Armand, seu clã tem problemas com ratos? -Disse Vladimir. Encolhi-me ao perceber os movimentos em minha direção.
-Não que eu saiba. -Respondeu ele.
-Então acho bom olhar melhor. Achei uma ratinha. -Disse Kara puxando-me pelo braço. Depois dela tirar-me de meu esconderijo libertei-me e corri, porem bati de frente com o homem do qual não reconhecia a voz. Imóveis olhamo-nos como se já nos conhecesse-mos.

"Diga-me quem és e não com quem andas."

sexta-feira, 28 de maio de 2010

-sonhos ruins-

Eu estava vestindo uma camisola fina coberta apenas por um sobretudo negro, andava descalça pela rua escura e deserta, a névoa me dava a sensação incomoda de estar sendo observada. Eu reconhecia as casas a minha volta, mas não consegui lembrar do onde. Andei mais depressa e conforme eu andava mais densa ficava a névoa. Eu já estava correndo e não podia mais enxergar a rua, algo puxava a barra de minhas vestes rasgando-as, alguma coisa forte agarrou-se em mim.

-Venha Lane. Venha. -Sussurrou em meu ouvido. Tirei o sobretudo rápido virando-me, mas a coisa se afastou rápido, como um vulto na névoa. Agora, apenas de camisola, andei de costas observado o meu redor. Meu corpo aquecia-se, parecia que eu estava muito perto de algo quente e a voz melodiosa do vulto continuava sussurrando. -Venha. Venha Lane.
-Vem, Lane. -Disse a voz doce de uma criança me fazendo virar. Eles estavam lá. Meus pais, meu irmão e minha irmã. Estavam na porta da casa em chamas, o fogo os estava consumindo como em uma fotografia. Myu estendia sua mão pequenina chamando-me. -Vem, Lane.
-Myu. -Disse dando um passo a frente.
-Venha, filha. Não tenha medo. Estamos aqui. -Disse meu pai.
-Papai. Mamãe. Estou indo. -Disse debilmente, aproximando-me.
-Venha, Lane. Venha.-Disse Sanji. Estiquei minha mão tentando tocá-los, mas nessa hora o fogo os consumiu por completo e algo jogou-me para trás, não consegui alcançá-los.
-Você nos abandonou! -Gritou Myu.
-Lane! Lane! -Gritavam mil vozes  no escuro. Tampei os ouvido e tentei correr.
-Não! Não! -Tentava dizer mais alto que as vozes. Parei. Silencio total.
-Venha Lane, venha. -Disse o sussurro.
-AHHHHHHHHHHHHHHHHHH. -Acordei gritando e encharcada de suor, abracei os joelhos escondendo o rosto.
-Lane? Lane posso entrar? Está tudo bem? -Pergunta Armand batendo a porta.
-Entre. Estou bem. Foi só um pesadelo. -Disse, quando ele abriu a porta.
-Tem certeza?-Perguntou entrando e fechando a porta.
-Desculpe acordá-lo. -Disse envergonhada puxando a coberta. Ele sorriu.
-Eu não durmo.
-Ah... -Agora eu realmente me sinto uma idiota.
-Quer me contar com o que estava sonhando?
-Minha família.
-Olha, vou ficar com você até adormecer. Tudo bem? -Fiz negativo com a cabeça.
-Não quero voltar a dormir. -Disse beijando-o.
-Lane... -Ele tentou se levantar.
-Não Armand. -Disse puxando-o de volta. Bejamo-nos.

"Com uma palavra a dor, com um toque o pecado, com um beijo o amor"

sexta-feira, 14 de maio de 2010

-Meia Noite-

Passeávamos pelos jardins sem dizer palavra, apenas aproveitando a companhia um do outro e assistindo o Sol poente esconder-se ao longe, deixando outra vez o vento frio da noite tomar Paris. Depois de andar um pouco entre as plantas que perdiam suas folhas sentamos abaixo de uma enorme árvore. Ele abraçou-me acariciando meus cabelos.

-O que quer fazer agora? -Perguntou.
-Sei que vai achar estranho, mas desde que cheguei a Paris não tenho visto ação... Gostaria de voltar a lutar.- Disse sinceramente. Ele sorriu.
-Então lutaremos. Quando a Lua chegar ao centro do céu serei seu oponente. -Disse ele.
-Obrigado. Alguma ideia do que fazemos até lá? -Perguntei travessa. Ele apenas sorriu e beijou-me.

Deitamos na grama trocando caricias até ouvirmos as badaladas de um sino distante anunciando a meia noite.

-Que comece o jogo. -Disse ele escondendo-se nas sombras. Percebi que seria pra valer, levantei-me e fechei os olhos, concentrando-me em ouvi-lo.

Ouvi um farfalhar de folhas, ele vem por baixo pela direita. Defendi, mas não consegui rapidez suficiente para acerta-lo. Droga, ele fugiu e eu tentei acompanhar sua velocidade, mas apenas consegui ter um leve vislumbre do tecido de seu sobre tudo ao tentar agarra-lo. Mudei de  estratégia e corri na direção oposta, escondendo-me nas folhagens, respirei fundo e imóvel aguardei por seu próximo movimento.

-Buh! -Disse ele em meu ouvido acertando-me. -Não tente se esconder de um vampiro. Posso sentir sua presença e ouço seu coração a até um quilometro de distancia! -Disse ele atacando-me. Defendi e tentei ataca-lo.
-Vou me lembrar. -Disse investindo contra ele, mas quase me desequilibrei quando ele desapareceu. Ele era muito mais rápido que eu.
-Não tente vencer um vampiro na agilidade ou na força, porque só conseguirá no máximo igualar-se a um de nós, o único modo de vencer um vampiro é pela inteligencia, com um plano bem elaborado e anti-falhas.
-Sem improviso? -Perguntei tentando prendê-lo, mas foi ele quem me prendeu junto a ele me imobilizando, com seus lábios muito próximos de minha garganta.
-Sem improviso. -Sussurrou e depois deu um beijo de leve em meu pescoço jogando-me para frente. -Já basta por hoje?
-Só se prometer que faremos isso todas as noite até eu conseguir vencê-lo! -Disse.
-Então passaremos a eternidade lutando enquanto podíamos aproveitar melhor o tempo. -Disse ele segurando-me pela cintura. Sorri.
-Teremos bastante tempo para isso também. -Respondi.
-O tempo é subjetivo. -Respondeu ele beijando-me.
-Quanto tempo teremos juntos? -Pergunte sem perceber pra onde guiava a conversa. Ele parou de beijar-me.
-O que quer dizer com isso?
-Quero dizer que você tem toda a eternidade, nunca vai envelhecer e morrer, eu vou ferir-me, vou envelhecer e vou morrer enquanto você continua a ser o lindo patrono do clã Lafayete. Sou apenas uma humana entre vampiros.
-Até onde vai levar isso, Lane?
-Até você admitir que deve me tornar vampira. -Respondi sem acreditar no que falava. Ele também ficou perplexo com minhas palavras, tanto que se afastou e virou-se, não disse nada.
-Não pode estar falando serio.
-Por que não? -Perguntei arriscando um paço para mais próximo dele.
-Porque ser vampiro não é tão romântico quanto você faz parecer.
-Se eu não for vampira não poderemos ficar juntos. Quero ficar com você pra sempre. -Disse dando mais um paço.
-Não. Você não entende.
-O que não entendo? Por acaso não quer ficar ao meu lado?
-Não complique as coisas! -Gritou ele segurando-me pelos ombros. -Se tornar um vampiro não é uma decisão que possa se tornar em uma noite. Não é simples. Te, coisas que não sabe! Torna-la vampira seria o mesmo que condena-la as trevas. Você não veria mais o Sol!
-Não tem ninguém da minha vida humana a quem queira. O Sol seria substituído pela Lua e você seria toda a companhia que preciso. -Disse acariciando seu rosto.
-Não entende o que está me pedindo. Não posso transforma-la. Não posso. -Disse ele. Sorri.
-Vou esperar. -Respondi abraçando-o.

"Morrer é um desperdício; matar é uma arte e viver é um delírio."

quinta-feira, 13 de maio de 2010

-Lullaby-

Andei a noite toda pelos parques de Paris, tentando encontrar uma solução. Já havia pensado em dizer a ele o real motivo de eu estar em Paris, pensei em tentar fugir, quem sabe para a América, havia pensado em desafiar Vladimir e aguentar as consequencias, tantas coisas passaram pela minha mente.

Andava lentamente pelo Champ de Mars quando comecei a ouvir uma melodia suave, aproximei-me do quarteto que tocava fronte a Torre Eiffel, a melodia suave enchia o local e me deixei viajar no som doce que cantava amor e paz, coisas tão distantes nesta Era...

"Hush my love now don't you cry
Everything will be all right
Close your eyes and drift in dream
Rest in peaceful sleep
If there's one thing I hope I showed you
If there's one thing I hope I showed you
Hope I showed you
Just give love to all
Just give love to all
Just give love to all"
 
Sorri enquanto os músicos continuavam a encher Paris de uma paz que nunca senti antes. Depositei um pouco de dinheiro no pote dos homens e afastei-me devagar. Sem perceber meus pés me levaram a mansão Lafayete, e quando dei por mim Armand estava parado a minha frente na soleira da porta, seu terno parecia pela primeira vez desalinhado e o Sol em seu rosto tornava o azul de seus olhos mais aparente.
 
Parei incapaz de dizer ou fazer qualquer coisa, apenas olhei-o, tentei falas, mas minha boca estava seca. Ele passou pela soleira da porta a passos firmes e abraçou-me.
 
-Está tudo bem. -Disse ele. Chorei como uma criança, sem motivo aparente, apenas agarrei-me a sua camisa e deixei que minhas lágrimas jorrassem.
-Não sei o que fazer. Armand, não quero voltar lá. -Choraminguei ainda sem saber o que estava fazendo.
-Não tem que voltar. Fique. -Disse ele acalmando-me. -Durma, Lane. Quando acordar estará melhor. -Não estou com sono, tentei dizer, mas então percebi que na verdade estava muito cansada, meu corpo começou a enfraquecer e antes que percebe-se havia adormecido. E nos sonhos ouvia a voz de minha mãe a cantar a musica que ouvi mais cedo, está foi minha canção de ninar.
 
Acordei ao pôr do Sol em um quarto com paredes cinza-escuro, as cortinas eram negras de um tecido fino e cobriam parcialmente a porta da sacada, a cama king size era coberta por um edredom negro e lençóis de seda no mesmo tom, as capas dos múltiplos travesseiros variavam entre branco, negro e vermelho. O quarto possuía como moveis dois criados mudos, com um abajur sobre cada um deles, uma comoda, um espelho sobre esta, um armário, um sofá ao pé da cama e uma cadeira de balanço perto da sacada, onde sobre ela repousava um hobie negro com um bilhete. Levantei-me e peguei o pequeno cartão.
 
"Lane, no guarda-roupas tem algumas roupas que pode escolher a vontade, no banheiro encontrará as coisas para seu uso pessoal, espero que aprecie o quarto, o meu fica a sua direita. Quando estiver pronta a espero na sala.
Armand."
 
Sorri e fui banhar-me para me juntar a ele. Os azulejos do banheiro variavam entre o negro e o branco, as demais coisas exceto a banheira, os sabonetes e sais de banho eram negras, toquei as toalhas de tecido fino e depois sentei-me na borda da banheira tocando com a ponta dos dedos a água quente. Sorri e depois de trancar a porta comecei a despir-me para o banho.
 
Entrei na água lentamente, deixando que meus músculos relaxassem ao sentar-me, as bolhas de espuma formavam-se sobre mim. Mergulhei lentamente e fiquei submersa o máximo de tempo que consegui, depois levante, tomei uma ducha quente para tirar o sabão e sequei-me, sai do banheiro vestida com o roupão negro pendurado no cabideiro e escolhi um vestido negro simples no armário. Prendi meu cabelo no alto, deixando algumas mexas penderem livres e após aprovar-me no espelho desci até a sala principal, onde o mordomo me indicou a direção para a sala que Armand havia mencionado.
 
Lá estava ele, sentado sobre uma cadeira alta feita de ouro e seda preta, Parecia um príncipe em seu trono, com a luz fraca do por do Sol entrava por uma janela atrás dele e uma taça de vinho na mão. Sorriu ao me ver e parada no batente, sorri ainda incapaz de falar.
 
"Ame sua família, preze seus amigos e respeite seus inimigos, pois um dia toda sua família partirá, seus amigos lhe trairão e seus inimigos tentaram derrota-lo."

-Principios-

Seco a lágrima estúpida que escapuliu de meus olhos após narrar a Armand parte de minha historia.

-Lane. Eu sinto muito. -Disse ele abraçando-me, por incrível que parecesse sua pele fria junto a meu corpo dava-me calor e segurança.

Eu não queria sair deste abraço jamais, porem aos poucos ele se afastou e ainda muito próximos olhavamo-nos nos olhos, uma de suas mãos acariciava meus cabelos e a outra estava sobre a minha, o espaço entre nós foi diminuindo vagarosamente, fechei os olhos quando sendo senti sua respiração acelerada em meus lábios. Desta vez ele não se afastou.

Beijá-lo era a melhor sensação do mundo. Seus lábios exerciam uma leve pressão sobre os meus, sua língua hora lenta, hora ligeira compunha um bailado junto a minha, nossas mãos estudavam o corpo um do outro enquanto a distancia entre nois ficava menor, aprofundando o beijo. Separamo-nos quando fiquei sem fôlego, olhei-o, mas este desviou o olhar afastando-se de mim.

-O que houve? -Perguntei tentando fazer com que seus olhos tristes olhassem pra mim.
-Não é nada. -Disse ele levantando-se e dando alguns passos. Olhei para o chão.
-É minha culpa. -Disse.
-Não! Apenas estou sendo tolo. Não há nada errado. -Disse ele ajoelhando-se a minha frente e pegando minhas mãos. Olhei-o. -Então beije-me de novo. -Disse aproximando nossos lábios mais uma vez. Outro beijo iniciou-se, agora mais demorado e sentido.

Trocamos beijos e caricias por pouco mais de uma hora. Até que Kara apareceu.

-Ora se não é um feliz casal? -Diz ela fazendo com que nos separemos, Armand ia dar alguma resposta, mas calou-se ao ver Vladimir ao lado dela. -Não acha Vladimir? -Diz complementando a frase.
-Com certeza. -Diz ele rispido. -Acho melhor voltarmos ao baile. Se me lembro bem você me prometeu uma dança, não é Lane?
-Claro. -Disse sem querer me afastar de Armand.

Levantamos e Vladimir me estendeu a mão que aceitei, porem Armand continuava a segurar-me. Eles se encararam por alguns segundos, como se um estivesse tentando estudar a mente do outro. Então Armand soltou-me e eu fui guiada para a pista de dança por Vladimir.

-Qual o plano? -Perguntou ele.
-Que plano?
-Ainda se lembra do porquê de estar na França?
-Claro, eu... -Baixei os olhos entendendo de que plano ele falava.
-Ótimo, qual o seu plano?
-Ainda não sei... É muito cedo.
-Não. Já é tarde! Vou dizer o plano. Você vai fingir que nós discutimos ou algo do genero e você saiu de casa, então vai pedir abrigo com os Lafayete. Lhe darei um mês para que aprenda as passagens e os horários do castelo, neste meio tempo vai aprender também como vencê-los. Vai se fortificar e nos corresponderemos semanalmente até o dia do ataque.
-E se eu for contra isso? -Perguntei fazendo pé firme. Ele sorriu e falou ao meu ouvido.
-Quer ser responsável pela morte de mais quantas pessoas? Se eu matá-la, o que diga-se de passagem seria um desperdício, ele ficaria desnorteado e mais vulnerável, ou eu posso envenená-los e fazê-lo pensar que a matou. O que prefere? -Afastei-me dele dando-lhe uma bofetada e corri para cima deixando Vladimir e os convidados perplexos no salão.

Chorei como nunca tinha pensado voltar a chorar e levantando a cabeça peguei um sobretudo e as armas menores e pulei a janela. Sim. Eu iria cumprir o plano de Vladimir, talvez eu pudesse dar informações erradas, assim Armand poderia vencer. Não vou desistir. Não vou deixar que Armand morra.

"Ame como nunca amou, sorria como nunca sorriu, chore como jamais chorou, viva como se fosse seu último dia e morra amanhã para que tudo tenha valido a pena."

quarta-feira, 12 de maio de 2010

-Memories-

10 anos atrás em algum lugar ao Sul do Japão...

-Mamãe! Mamãe! Olha a flor que eu achei! -A pequena Lane correi até sua mãe que sorri docemente acariciando seus cabelos loiros.
-É linda, filha. -Disse ela ainda sorrindo.
-Olha Myu! Não é linda?
-Lin-da! -Diz q pequena tocando a flor.
-Dê-me Lane. Vou colocá-la em um vaso pra você. Por que não olha sua irmã um pouco.
-Tudo bem mamãe. -Responde ela sorrindo enquanto a mãe se afasta com a flor.
-Lane! -Diz a pequena Myuki.
-Você sabe meu nome! Fala de novo Myu! Fala Lane!
-Lane! As duas riram rolando na grama.
-Onde estão minhas meninas? -Grita um homem alto de cabelos loiros que vinha chegando com um garoto mais jovem, porem com a mesma altura e músculos.
-Papai! -Gritam as duas e Lane corre para pular no colo do pai.
-Minha princesa! Como foi seu dia? -Diz ele segurando-a
-Eu achei uma flor linda!
-Que bom! E você Myu?
-Papai! -Ele põe Lane no chão e pega Myu que está com as mãozinhas no ar pedindo colo.
-Sanji! Como foi o treino? -Pergunta Lane curiosa.
-Como sempre.
-Você é tão chato!
-A é?! Vem aqui que eu te mostro! -Ele correu atrás dela e os dois se atracaram no chão brincando de luta, Sanji venceu-a rapidamente prendendo-a ao chão.
-Me solta Sanji! Me solta!
-Antes diz que eu sou o mais forte!
-Tá legal! Você é o mais forte Sanji!
-Sanji-Sama!
-Sanji-Sama! -Gritou.
-Assim é melhor. -Disse ele soltando-a.
-Um dia você vai se arrepender! Eu vou ficar forte e vou vencer você! Vai ver!
-Rá! Vou esperar sentado! -Disse ele enquanto ela se afastava.

23:00 Hora de Tokyo

Todos dormiam tranquilamente em suas camas, menos a pequena Lane, que naquela noite fora assombrada por pesadelos e levantara-se para beber água.

Quando subia novamente as escadas ouviu um grito e sua irmã menor começar a chorar, então correu para o quarto da pequena.

-Myu?! Myu?! O que houve? -Chegando lá viu sua mãe ensanguentada no chão e Myu chorando em seus braços, também suja de sangue.
-Corra Lane! Corra! -Gritou a mãe.
-Mas, mamãe...
-Vá! -Dito isso Lane correu o mais rápido que pôde, ouvindo o bater de laminas nos corredores e sentindo um cheiro de fumaça que antes não tinha sido capaz de sentir.

Assim que saiu da casa, caiu ao tentar olhar pra trás e se deparar com o segundo andar em chamas. De dentro da casa podia ouvir ainda o choro da irmã e os gritos da mãe.

-Mamãe! -Gritou tentando se aproximar, porém quando ia chegar a porta uma explosão no 1º andar jogou-a para trás. Ao olhar a casa mais uma vez deparou-se com tudo em chamas e só podia ouvir o estalar das brasas.

-Mamãe! Papai! -Gritava a pequena machucada e com medo no gramado da frente. Ao longe pode ouvir as sirenes da policia e bombeiros que já haviam sido chamados. E correndo as janelas do 2º andar com os olhos pôde ver na janela do que antes era seu quarto um vulto negro entre as sombras empunhando uma espada samurai. Depois disso foi só escuridão.

-Mamãe...


"Quando crianças somos estimulados a acreditar em um mundo bom, de contos de fadas.
Quando crescemos todos esses sonhos são arrancados de nós como se jamais tivessem existido."

-Lua-


Deveria ser mais ou menos duas da tarde quando fui acordada.

-Está andando tanto com os vampiros que já aderiu a seus hábitos?
-O que você quer Vladimir? -Perguntei sem levantar-me.
-Hoje ofereceremos uma festa em homenagem a Kara. Gostaria de contar com sua presença em tempo integral no salão.
-Por que os Teodore fariam uma festa para um Lafayete? -Perguntei meio adormecida.
-Não precisa entender o motivo. é apenas aparecer e estar deslumbrante. -Disse ele passando a mão sobre meus cabelos, mexi-me com a intenção de fazê-lo se afastar. Deu certo. Ele bufou. -Vai estar lá?
-Sim!
-Ótimo! -Disse ele de mau humor e bateu a porta ao sair.
-Ótimo! -Imitei-o e ri de mim mesma. Divertindo-me como uma tola.

22:45 Hora de France

Observei o salão do alto da escada, as cores escuras dominavam o local. Procurei por instinto avistar Armand, mas não o encontrei.

-Os Lafayete ainda não chegaram. -Disse Vladimir atrás de mim.
-E não acho que virão. Kara não é bem vista no clã. -Disse.
-É? Dê uma olhada em quem acabou de chegar. -Disse ele apontando para a porta principal. Todos no salão diminuíram o volume das conversas e deram espaço observando os recem chegados.

Passando por entre a multidão estavam Armand de braços dados com Kara, sendo seguido por Bartolomeu, Greta e Rafael. Observei-os cruzarem o salão lentamente, poderia ficar ali parada para sempre se Vladimir não me desperta-se.

-Venha, Lane. -Disse ele me estendendo a mão do pé da escada, desci e aceitei sua mão.

Passamos pela multidão e nos encontramos com os Lafayete no centro do saguão. Armand olhou-me e eu retribui seu olhar.

-Você deve ser Kara. é um imenso prazer conhecê-la mademoiselle. -Disse Vladimir segurando a mão de Kara e beijando-a gentilmente.
-O prazer é inteiramente meu, monsieur Teodore. -Respondeu ela suave. Estranhei.
-Chame-me Vladimir. -Ela sorriu. -Prazer vê-los, Armand, Bartolomeu, Rafael, Greta. -Eles não se deram ao trabalho de responder, e nem ao menos sei se Armand escutou, nossos olhos continuavam pregados um ao outro.
-Será que me permite roubar sua dama para uma valsa, Vladimir? -Pergunta Armand.
-Só se me permitir a mesma honra. -Respondeu Vladimir sorrindo ao entregar minha mão para Armand recebendo a de Kara. Partimos para direções opostas do salão.

-Lane... -Disse ele suave, levemente constrangido enquanto bailávamos.
-Sim?
-Você... Gostaria de sair um pouco daqui? Digo, para conversarmos melhor. -Olhei para Vladimir de soslaio, e ao constatar que ele estava entretido demais com Kara para perceber minha ausência aceitei o pedido de Armand e lentamente valsamos até a porta que dava no jardim.

-Então, o que queria falar? -Disse tocando um galho verde, pouco afastada de Armand.
-Não sei por onde começar.
-Pelo principio é sempre uma otima escolha. -Disse olhando-o e sorrindo. Ele sorriu e guiou-me até um dos bancos.
-Que tal você me contar? -Pergunta ele.
-Contar o que? -Digo olhando as estrelas.
-Sua historia. Sei que não é uma Teodore e realmente gostaria de saber o que faz aqui. -fiquei sem fala. Apenas a observa-lo por alguns segundos. Não sabia o que dizer. Como dizer.
-É uma historia longa. -Disse incapaz de olhá-lo nos olhos. Ele levantou meu queixo fazendo-me voltar a encara-lo.
-Temos toda a noite. -Disse gentilmente. Sorri.

Eu realmente queria contar-lhe tudo sem nada esconder. Queria acabar com os segredos, mas não sabia se era capaz. Olhei a Lua buscando uma solução e depois de um suspiro comecei a falar.

"Quando as estrelas caírem do céu em uma chuva de prata saiba que elas são as lágrimas que
derramo por todo o amor que sou incapaz de lhe demonstrar"

terça-feira, 11 de maio de 2010

-Perguntas-

-Então Lane, como foi sua noite? -Pergunta Vladimir assim que entro no quarto.
-Pelo que me lembro este ainda é meu quarto.
-Pelo que me lembro você está sendo paga pra descobrir as fraquezas dos vampiros e não se agarrar com Armand na frente de minha casa.
-Sei o que tenho que fazer.
-Então por que ainda não vi nenhum resultado? Vamos Lane. O que tem pra mim? -Perguntou ele levantando-se e me encarando nos olhos.
-A irmã de Armand voltou. Parece que ela quer o controle do clã e é forte o suficiente para desafia-lo, tanto que o fez esta noite, seu nome é Kara Lafayete e ela deveria ser a herdeira dos Lafayete se Armand não tivesse nascido. -Disse sem medir minhas palavras.
-Otimo. -Disse ele com um sorriso vitorioso e fogo no olhar. -Com Kara de volta a cidade o clã Lafayete ficará dividido. Logo Paris estará sob novo comando. Continue com o bom trabalho Lane. -Disse ele passando por mim. -Droga! Eu sei que estou cumprindo meu trabalho, mas porque sinto-me tão mau por isso?!

--//Enquanto isso no Clã Lafayete(Armand POV)//--

Quando cheguei ao clã, Kara estava sentada na cadeira que nosso pai ocupava antes de mim, ao entrar ela me olhou sorrindo. Fingi não vê-la e me afastei lentamente.
-Por que? -Ela pergunta. Fala tão doce e pausadamente que por um momento me permito lembrar da Kara que conheci no passado.
-O que? -Digo de má vontade lembrando quem me fala.
-Por que ela Armand? -Ela agora estava atrás de mim, falava suavemente.
-Não sei do que está falando. -Disse tentando sair de lá, porém ela me segura pelo braço ficando a minha frente.
-Sim,  você sabe. Quero saber o que viu de especial na garota.
-Isso é assunto meu, Kara. Apenas fique longe dela. -Soltei meu braço e me distanciei um pouco dela.
-Claro. Por que me meteria com uma estranha? Sim, pois é isso o que ela é. Você por acaso conhece a historia dela? A família dela? Sabe por que ela está com os Teodore? Mas essas simples informações que vão além do primeiro nome não lhe interessam, não é? Nada o impede de entregar a ela todas as informações necessaris para acabar conosco, afinal o que a melhor espadachim japonesa poderia fazer com essas informações?
-Do que você está falando?! -Disse segurando-a pelo braço com força. Ela riu.
-Por que não pergunta a ela? -Disse livrando-se de mim e desaparecendo no corredor. Respirei fundo e fui caçar.

Já fazia muito tempo que não me alimentava, então não busquei uma presa especifica, apenas pulei para a noite e ataquei o primeiro coitado que cruzou meu caminho. Não tinha porque conter meus instintos. Essa era uma cidade sem lei. Quem caminha-se sob a lua pertencia a noite, e quem pertencesse a noite era minha presa.

Quando terminei meu banquete notei que alguem me observava, talvez estivesse lá o tempo todo, mas não importava. Seja quem for não seria tão tolo a ponto de se aproximar de mim.

--//(fim de Armand's POV)//--

Depois de vê-lo literalmente devorar aqueles homens fugi pelos telhados temendo que ele me visse. Eu tentei a todo momento evitar pensar no lado vampiro dele, mas agora...

Corri o mais rapido que pude e quando parei me vi frente a porta da antiga Notre dame. Agora era só mais um templo abandonado. Uma miragem do que havia sido no passado quando milhões de fieis passavam por suas porta e ajoelhavam-se frente ao altar. O que mesmo eles buscavam? Deus? Apenas algo inanimado, intocável que vivia além do céu, além do compreensivel. Se o Deus bondoso a quem essas pessoas se ajoelhavam realmente existiu ele já as tinha abandonado antes mesmo da nova era. Lembro-me da cruz de prata que minha mãe carregava no peito.

--//flash back//--

-Mamãe, o que é? -Perguntei tocando levemente o pingente.
-Apenas uma lembrança do Deus morto. -Ela respondeu.
-Quem é Deus?
-Deus? Algo distante demais, apenas algo em que os humanos precisam acreditar para manter-se no caminho. É algo inalcansavel. Algo que existia apenas para que os homens pudessem acreditar no amanhã. Ele já deixou de ser útil. Se algum dia existiu, ou se cansou dos humanos, ou morreu a muito tempo. -Respondeu ela sorrindo. Sorri ainda sem entender o significado de tais palavras.

--//fim do flash back//--

Olhei o grande homem pregado na cruz. Será esse o Deus dos homens? Pra mim ele parece apenas um morto. Apenas alguém que mataram sem motivo. Apenas um homem de mármore. Fechei os olhos ouvindo apenas os barulhos da antiga construção se deteriorando em ruínas e dos animais que rondavam pelos cantos escuros. Deixei assim a noite me levar de volta a minhas lembraças do passado.

-Mamãe... -Sussurrei para o nada.


"Mesmo no caos ainda é possível encontrar a pureza, esperança
e inocência nos olhos de uma criança. E é isso que nos impulsiona a continuar lutando"