segunda-feira, 10 de maio de 2010

-Só de passagem-

Eram quase dez da noite quando sai batendo meus saltos pelas ruas de Paris. Meu destino era a mansão Lafayete, simplesmente o maior e mais poderoso clã vampirico da Europa, e eu fora convidada para jantar com ninguem menos que seu lider, minha presa e quase namorado. Acho que estou perdendo a noção do perigo.

O ar estava frio naquele fim de outono, cruzei os baços sobre o peito apertando o sobretudo e me apressei para chegar a grande mansão. Ela era mais parecida com aqueles castelos antigos, de muros e torres altos, arbustos e jardins extensos, e juro que podia ouvir um riacho não muito longe, provavelmente nos fundos da propriedade, quando parei observando-a os grandes portões gradiados abriram-se convidando-me a entrar. Não hesitei. Andei pela trilha de cascalhos que levava a mansão observando as sombras e me sentindo observada a todo o tempo. Agora sei como minhas vitimas se sentiam quando eu as perseguia. Agora EU era a presa e estava no territorio do caçador.

Chegando a porta um mordomo, provavelmente humano, abriu-a e ofereceu-se para pegar meu casaco, guiando-me em seguida a uma sala ampla, com poucos moveis e uma lareira.

-Monsieur Lafayete virá em breve. Posso oferecer-lhe algo?
-Não obrigado. -Respondi, e depois de fazer uma pequena reverencia ele se retirou. Aproximei-me da lareira, sobre ela estava uma antiga espada samurai japonesa, toquei com a ponta dos dedos, algo nela me era familiar.Virei-me ao ouvir alguns risinhos na porta. Duas crianças de olhos cor carmim me olhavam e riam tentando esconder-se no beiral da grande porta de madeira da sala. Uma menina e um menino, os dois entre seis e oito anos, cabelos e roupas negras em contraste com a pele muito branca. Vampiros. Eles desapareceram e seus risos pareciam invadir a sala, pareciam estar a minha volta, em toda parte. Girei procurando-os.

-Estou aqui! -Disse o menino puxando a barra de meu vestido de leve, porem rapido demais para que eu pudesse vê-lo.
-Mentira! Estou aqui! -Disse a menina tocando em meu ombro fazendo-me virar.
-Apareçam! -Minha ordem só os fez rirem mais e continuarem a me cutucar.
-Já chega. -A voz firme e autoritaria de Armand irrompeu no recinto fazendo as crianças pararem a meu lado.
-Pardon! -Disseram em unissono abaixando a cabeça.
-Deixem-nos. -Ordenou e as crianças desapareceram. -Desculpe, eles ainda agem como se tivessem 10 anos de idade.
-Quantos anos eles tem?
-150, 200. Não sei ao certo. -Depois desta pequena revelação precisei de um momento pra me acostumar a ideia de que aquelas crianças eram muito mais velhas que eu.
-E quantos anos você tem? -Perguntei depois de passado o choque.
-Muitos. Isso é importante?
-Não realmente. -Ele sorriu.
-Venha vou apresentá-la a alguns dos meus. -Disse ele esticando a mão, sorri e segurei-a deixando que ele me guiasse pelos enormes corredores, cheios de portas e belissimas obras de arte. Depois de atravessar um saguão ele fez um leve movimento com uma das mãos fazendo uma imenssa porta de madeira abrir-se revelando um comodo gigantesco com varios sofás, aparelhagem de som de ultima geração, piano, tv de tela plana e obras de artes, tinha em torno de dez vampiros lá, e a sala era quase que totalmente feita de vidro, proporcionando uma belissima vista do jardim, o riacho que tinha ouvido anteriormente passava por entre aquelas arvores.

Armand guiu-me até proximo alguns dos vampiros.
-Lane, estes são Charlotte e Ezequiel, meus primos, os que estão assistindo Tv são Claus, Vine e Luci, aqueles são Marcus, Paola, Jonathan, Alan, Anne e por último, meu irmão, Bartolomeu. -Dito o nome alguns vampios sairam do caminho dando passagem a um homem que sentava-se proximo a janela de vidro. Ele levantou-se e lentamente aproximou-se. Ele andava com extrema elegancia, balançando levemente os cabelos negro-acinzentados e longos, seus olhos tinham um tom de azul cinzento, que dava a ele uma aparencia um tanto demoniaca.
- Enchanté mademoselle. Tenho ouvido falar bastante em seu nome. -Disse ele fazendo uma reverencia desnecessaria para beijar minha mão.
-Enchanté. Espero que tenha ouvido somente boas coisas monsieur.-Respondi sorrindo.
-Não poderia ser diferente minha querida. -Disse ele compondo-se e trocando um olhar com Armand que continuava a sorrir a meu lado.
-Hey! Com licença! Armand sempre esquece de nos apresentar. -Disse a menina-vampira que me incomodava na sala a poucos minutos.
-Eu sou Rafael e esta é minha irmã Greta. Gostariamos de nos desculpar pela brincadeira de hoje mais cedo, é que achamos que seria divertido confundi-la um pouco. -Disse o menino apresentando-se da mesma forma que Bartolomeu havia feito.
-Você nos perdoa? -Perguntou a Greta apertando suavemente minha mão olhando-me nos olhos.
-Claro. -Disse retribuindo seu olhar.
-O jantar está servido monsieur. -Disse o mordomo entrando na sala.
-Já estamos indo. Merci. Vamos Lane? -Disse Armand me oferecendo o braço como os cavalheiros na era medieval. Segurei seu braço e fomos a sala de jantar.

Todo o clã estava sentado à mesa, Armand sentava na cabeceira, eu a sua direita e Bartolomeu a sua esquerda. Ao que parece a única que comia naquela mansão era eu, pois o único prato com comida era o meu, os outros apenas bebiam o que eu esperava ser vinho.
Der repente o som de palmas soa forte no recinto fazendo todos se calarem e o sorriso de Amand morrer.

-Não me espera mais para jantares tão especiais meu irmão? -Uma vampira com cabelos louro-branco e olhos vermelhos aparece na outra ponta da mesa de pé na cadeira. Seu vestido preto contrastava com o branco natural dos vampiros. Ela me olhou com um sorriso malicioso e sentou-se na cadeira com um movimento rapido que não fui capaz de notar. -Então. Não vai me apresentar a sua... Convidada?
-Lane está é minha irmã Kara Lafayete.
-É um prazer. -Disse eu educadamente, fitando-a.
-Acredite, o prazer é inteiramente meu. -Disse ela com o mesmo sorriso malicioso e olhar frio.
"Além da escuridão, além de tudo o que acredita.
Lá existe um mundo maior do que você jamais sequer sonhou"

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